Até as vésperas da independência de Serra Leoa, o país viu-se dividido politicamente em dois blocos formados ainda na colonização: a faixa litorânea, denominada de “colônia”, e o populoso interior, chamado de “protetorado”. Os habitantes da colônia criaram laços de fidelidade com os colonizadores e com os missionários cristãos no decorrer do século 19. Já no protetorado, a população, predominantemente rural, preservava as estruturas políticas tradicionais centralizadas na assembleia dos chefes.
Depois da Segunda Guerra Mundial, essa divisão dificultava a integração territorial e causava rivalidades entre as respectivas populações. A Constituição de 1947 e outras reformas liberalizantes implementadas pelo Reino Unido sofreram a oposição das elites da colônia, pois a representação criada no Conselho Africano era proporcional à população de cada região. Julgando-se mais aptos ao poder, os habitantes do litoral boicotaram a Constituição e criaram o Conselho Nacional de Serra Leoa, partido chefiado por Bankole-Bright. Já os nacionalistas do protetorado criaram o Partido do Povo de Serra Leoa (SLPP), sob a liderança de Milton Margai.
Embora as disputas entre os habitantes das duas regiões tenham se prolongado por um bom tempo, foram superadas pela dinâmica política. A vitória dos membros do SLPP nas eleições de 1951, a formação de um governo unitário e a ascensão de Margai como primeiro-ministro, em 1958, fizeram os habitantes da colônia ceder. Em 1960, todos os movimentos de oposição ao domínio britânico se uniram ao SLPP com o objetivo de estabelecer um calendário para a independência do país. A Grã-Bretanha reconheceu a autonomia da República de Serra Leoa em 27 de abril do ano seguinte.