O território do Quênia foi ocupado pelo Reino Unido no final do século 19. Ainda nas primeiras décadas de colonização, formou-se ali uma estrutura fundiária cujas injustiças seriam contestadas pelos movimentos nacionalistas após a Segunda Guerra.
A administração colonial britânica havia confiscado os terrenos produtivos dos africanos e, em 1950, a situação era tal que os colonos europeus (1% da população do Quênia) detinham 25% das terras. Somadas à sub-representação dos quenianos nos Conselhos Executivo e Legislativo — órgãos criados pelo Escritório Colonial Britânico para administrar o país —, a desigualdade na distribuição de terras e a discriminação contra os africanos contribuíram, na década de 1950, para a eclosão de levantes pró-independência.
A mais importante rebelião foi a Revolta dos Mau-Mau, guerra de guerrilhas iniciada em 1952 e que exigia a emancipação do país. A repressão foi violenta: cerca de 500 mortos e quase 100 mil militantes presos — entre eles, Jomo Kenyatta, um dos principais líderes nacionalistas quenianos desde a década de 1920. Diante da guerra civil e dos movimentos grevistas que se espalharam pelo país, a administração colonial britânica declarou o estado de sítio ainda em 1952.
Só em 1960, com o enfraquecimento dos Mau-Mau, os partidos políticos foram permitidos, e o secretário colonial britânico propôs a formação de uma comunidade britânica na qual se incluiria o Quênia. O mais importante dos partidos, formados já naquele ano, foi a União Nacional Africana do Quênia (Kanu).
A pressão em favor da autonomia política do Quênia, liderada principalmente por Tom Mboya, líder da Federação dos Sindicatos, acelerou o processo de independência. Jomo Kenyatta retornou a Nairóbi (capital) em agosto de 1961, sendo eleito para o Conselho Legislativo no ano seguinte. Com a esmagadora vitória do Kanu nas eleições de 1963, ele foi escolhido primeiro-ministro. Declarada em 12 de dezembro de 1963, a República do Quênia teve Jomo Kenyatta como primeiro presidente.