Por incrível que pareça, o Congo Belga era uma propriedade privada do rei Leopoldo 2º da Bélgica desde 1885. Em 1908, uma campanha internacional contra os abusos do monarca e os sofrimentos impostos aos habitantes do país forçou a transferência da administração para o governo da Bélgica. Mas a mudança de pouco adiantou, pois não reduziu a crueldade do colonialismo no Congo, cuja população continuou submetida a tormentos que horrorizavam as pessoas civilizadas.
Quando os movimentos anticoloniais ganharam força na década de 1950, a Bélgica manteve a política de isolamento de sua colônia, o que incluía a proibição de partidos políticos. A situação só se modificou a partir de 1958, quando Brazzaville, capital do Congo francês, foi escolhida por Charles de Gaulle para sediar a conferência sobre a autonomia dos países africanos sob tutela francesa. As notícias se espalharam pelo vizinho Congo Belga, onde um grupo de líderes políticos chegou a exigir, sem sucesso, a independência do país.
Naquele ano, três dirigentes do recém-criado Movimento Nacional Congolês (MNC) — incluindo Patrice Lumumba, seu líder — participaram da Conferência Pan-Africana dos Povos, que aconteceu em Acra (Gana), onde defenderam a independência imediata do Congo Belga. A conjuntura acirrou-se em 1959, com a sublevação dos trabalhadores da capital da colônia, Leopoldville (hoje Kinshasa), em favor da independência. Nesses conflitos, 49 pessoas morreram e 379 ficaram feridas.
Isolada em escala mundial e sem condições de controlar a situação no Congo, a Bélgica foi obrigada a ceder e, após negociações, foi marcada a data para a independência de sua colônia — 30 de junho de 1960, sendo Patrice Lumumba o primeiro-ministro eleito pela maioria da população.
Nem bem assumiu o governo, Lumumba passou a ser sabotado pela Bélgica — que mantinha forte presença na ex-colônia — e pelos Estados Unidos — que viam nele um novo Fidel Castro. Meses depois, Lumumba foi deposto e assassinado pelo Exército, dando início a décadas de turbulências e autoritarismo. Durante a ditadura de Mobutu, o nome do país chegou a ser alterado para Zaire, nome do rio Congo no idioma quicongo.
Hoje a República Democrática do Congo — ou Congo-Kinshasa, para não ser confundido com o Congo vizinho — é o segundo país africano em extensão, o quarto em população e o que tem as maiores riquezas minerais, hídricas e florestais da África em suas grandes extensões de terras férteis.