O “Jornal do Brasil” foi fundado no Rio de Janeiro por Rodolfo de Sousa Dantas em abril de 1891 e teve Joaquim Nabuco como primeiro chefe de redação. Em sua trajetória de mais de um século, passou por muitas mudanças. Até 1893, manteve linha editorial conservadora, em defesa da monarquia derrubada. Seu conteúdo tinha qualidade e sua estrutura empresarial era sólida, mas remava contra a História: em 1891, teve a redação “empastelada” ao noticiar, em plena vigência da República, a morte do imperador deposto d. Pedro 2º, em edição com tarja de luto.
O jornal foi então vendido a Rui Barbosa, jurista e ex-ministro da Fazenda, que buscava uma plataforma para combater a “ditadura florianista". Após a segunda Revolta da Armada (1893), o presidente Floriano Peixoto decretou estado de sítio e mandou fechar o jornal — o único que havia publicado o manifesto do almirante Custódio de Melo, líder do levante. Rui Barbosa exilou-se.
O “Jornal do Brasil” só voltou a circular em 15 de novembro de 1894, sob o controle dos irmãos Mendes de Almeida. Sua linha editorial poderia ser chamada de progressista, voltada para os temas populares e a cobertura do cotidiano urbano. Após a Primeira Guerra, a alta no preço do papel importado gerou uma crise financeira que levou à sua venda, em 1918, para o conde Ernesto Pereira Carneiro. A partir de 1930, sua prioridade foi publicar anúncios, o que lhe garantia vendas mas não prestígio.
Com a morte do conde, em 1953, assumiu a direção do jornal a condessa Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro, com quem se casara em 1942. Ela e o genro, Manuel Francisco do Nascimento Brito, criaram as condições para transformar o jornal num órgão influente. Adquiriram um novo parque industrial e contrataram, como diretor, o experiente jornalista Odylo Costa, filho. Odylo formou uma grande equipe, que incluía Jânio de Freitas, Carlos Castelo Branco, Hermano Alves, Carlos Lemos, Lúcio Neves e José Carlos Oliveira, entre outros.
Com a reforma gráfico-editorial empreendida entre 1956 e o início dos anos 1960, o “Jornal do Brasil” deu uma extraordinária contribuição à modernização da imprensa brasileira. O segundo caderno começou a publicar, aos domingos, a página literária Livros, editada por Reinaldo Jardim. Depois foi lançado o Suplemento Dominical, voltado para artes e espetáculos. A página de esportes foi reestruturada, e o espaço do noticiário político, ampliado. O jornal, que se declarava católico e liberal-conservador, opôs-se à construção de Brasília e ao governo de Juscelino Kubitschek, acusando-o de corrupto e responsável pela alta da inflação.
A reforma gráfica aprofundou-se a partir de 1959, quando o designer Amílcar de Castro foi contratado para elaborar o novo leiaute do jornal. Ele revolucionou a fisionomia do JB, como já era chamado. Os classificados foram separados das notícias e, depois, deslocados para um caderno específico. A primeira página mudou de cara, passando a expressar o conjunto da edição. No interior, foram suprimidos elementos poluentes como fios, vinhetas e títulos em negativo. Os espaços em branco foram alargados, para maior conforto do leitor. Em 1960 foi lançado o Caderno B. A reforma consolidou-se, e o JB firmou-se como um jornal influente, que pautava o debate nacional e formava opinião.
Inicialmente, o jornal deu um crédito de confiança ao presidente João Goulart e às Reformas de Base, mas, com o aumento da radicalização política, integrou-se à conspiração golpista e pediu em editoriais a intervenção militar. Elogiou o golpe em abril de 1964 e, mesmo sofrendo censura, apoiou discretamente a ditadura.
Após a redemocratização, entrou em crise terminal. Em 2001, o “Jornal do Brasil” foi arrendado ao empresário Nelson Tanure, especialista em comprar, sanear e revender empresas em estado falimentar. Mas já era tarde. O velho JB nunca se recuperaria. Em julho de 2010, deixou de ser impresso e sobreviveu apenas na versão on-line, deixando uma imensa lacuna na imprensa carioca.