Por que o Brasil ainda não deu certo?
Essa pergunta frequentou o debate de ideias no país entre 1945 e 1964, período em que diferentes representantes de nosso pensamento social procuraram “redescobrir” o Brasil sob o ângulo de sua formação histórica e cultural.
Afastando-se do ensaísmo dos anos 1920 e 1930, esses autores produziram reflexões que se situavam na fronteira entre o rigor acadêmico das recém-fundadas universidades e os diferentes projetos políticos que se desenhavam no período. Buscaram diagnosticar a realidade brasileira a partir de leituras específicas, construindo perspectivas de nação como autênticos caminhos para o desenvolvimento do país. Não deixaram, por outro lado, de apontar os obstáculos à modernização: o mandonismo na política local, o fardo do patrimonialismo no funcionamento do Estado ou simplesmente a questão da fome.
Mas se engana quem imagina que as ideias desses intelectuais ficaram restritas às universidades ou aos livros. Se, por um lado, elas foram transformadas em políticas públicas, em ações de movimentos sociais e até mesmo em padrões de inserção internacional, por outro, suas interpretações contribuíram para a construção de imagens originais do Brasil.