A ”Folha de S.Paulo” circulou pela primeira vez, com esse nome, em janeiro de 1960, a partir da fusão de três diários já existentes: ”Folha da Manhã”, ”Folha da Noite” e ”Folha da Tarde”. Os dois primeiros haviam surgido na década de 1920, e o terceiro, em 1949. Os fundadores do Grupo Folha foram Olival Costa e Pedro Cunha, jornalistas que atuavam em ”O Estado de S. Paulo”. Em 19 de fevereiro de 1921, a ”Folha da Noite” circulou em São Paulo pela primeira vez. Numa época em que os jornais paulistanos traziam apenas anúncios classificados ou atuavam como porta-vozes de grupos políticos, o novo jornal nascia com o propósito declarado de publicar notícias sobre os problemas da população de São Paulo, com textos curtos e linguagem objetiva. Seu público-alvo eram os trabalhadores urbanos que, ao sair do trabalho, poderiam comprar o vespertino. Em 1925 foi lançada a ”Folha da Manhã”, edição matutina da ”Folha da Noite”.
Depois de uma rápida passagem pelas mãos do empresário Francisco Matarazzo Júnior, o Grupo Folha foi adquirido, em 1945, pelo advogado José Nabantino Ramos. Ele modernizou a linha editorial das publicações, defendendo o critério da imparcialidade na divulgação de informações, em contraste com a linha udenista dos concorrentes. Promoveu mudanças no projeto gráfico das duas Folhas, que passaram a usar mais fotografias, ilustrações e charges. Em 1949, o grupo voltou a se ampliar, lançando a ”Folha da Tarde”. Em 1951, vieram outras mudanças, como o emprego da linguagem coloquial e a utilização de subtítulos nas reportagens. Em 1958, surgiu o suplemento Folha Ilustrada, com notícias sobre a produção cultural, tirinhas humorísticas, colunismo social e moda.
Em 1953, para enfrentar a concorrência de outros veículos, Nabantino passou a vender assinaturas com duração de dez anos e a emitir ações do Grupo Folha, que garantiam aos compradores uma assinatura vitalícia dos jornais. A estratégia deu certo, passando a representar 30% das vendas do grupo.
Embora defendesse a imparcialidade no cumprimento da função essencial de informar o leitor, no segundo governo de Getúlio Vargas o grupo alinhou-se a outros veículos de oposição. Após o suicídio do presidente, a linha editorial tornou-se mais abertamente conservadora: opusera-se à chapa JK-Jango nas eleições presidenciais de 1955, embora tenha reprovado as tentativas de golpe para evitar a posse dos eleitos. Na crise que sucedeu à renúncia de Jânio Quadros, em 1961, porém, defendeu a posse do vice-presidente João Goulart.
Em 1960, a fusão dos três jornais deu origem à ”Folha de S.Paulo”, para fazer frente à alta no preço do papel-jornal. As dificuldades financeiras se agravaram a partir de 1961, quando as assinaturas vitalícias começaram a dar prejuízo, e a Justiça do Trabalho determinou um reajuste salarial de 45% para os jornalistas em greve. Em agosto de 1962, Nabantino vendeu o jornal para Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho.
Sob nova direção, a ”Folha de S.Paulo” engajou-se nas articulações políticas que levaram ao golpe de 1964 — passou a integrar, com a TV Tupi, “O Globo” e o “Jornal do Brasil”, a Rede da Democracia, canal de oposição ao governo Goulart. Em seus editoriais, cobrava a intervenção enérgica dos empresários na cena política. Em 1964, a ”Folha de S.Paulo” saudou o golpe civil-militar e adotou um silêncio conivente com os “exageros do novo regime”, que no início chegara a criticar.
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