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Núcleo Colonial de Dourados

Dourados Dezembro de 1962

O Núcleo Colonial de Dourados abrigava, na década de 1960, mais de 120 mil camponeses, pequenos proprietários e posseiros que ali haviam se estabelecido, mas a região era alvo constante da cobiça de grileiros.

Uma área conhecida como Porto Vilma, por exemplo, tinha um longo histórico de falsos proprietários: grilada por um deputado, foi mais tarde vendida à Companhia Nipônica de Colonização. A empresa, por sua vez, transferiu as terras para Benedito Tavares que, em 1962, passou a reivindicá-las na Justiça. dizendo-se dono de 1.800 alqueires, nos quais viviam mais de 200 famílias, que ali se estabeleram com autorização do governo do estado.

Posseiros do Núcleo Colonial de Dourados. Crédito: Masuo Yasunaka.
Posseiros do Núcleo Colonial de Dourados. Crédito: Masuo Yasunaka.
Com o acirramento do problema agrário, o governador do Estado de Mato Grosso, Dr. Fernando Corrêa da Costa, foi forçado a inciar a entrega dos títulos de posses em algumas zonas do Núcleo Colonial. Crédito: Masuo Yasunaka.

Ao tomar conhecimento das intenções de Tavares, os camponeses, organizados, foram a Brasília tentar uma entrevista com o presidente da República. Não conseguindo, buscaram em vão o apoio de outras autoridades. Voltaram a Mato Grosso decididos a resistir de armas na mão. O grileiro, disposto a tudo para se apossar das terras, enviou ao local mais de 300 homens, entre jagunços e policiais.

Cinco posseiros acabaram assassinados, entre eles um dos líderes mais combativo, Manuel Alagoano. Camponeses foram espancados e presos; mulheres estupradas; ranchos e roças, incendiados. E nenhum dos responsáveis foi punido.

São Pedro do Jatobá

São Pedro do Jatobá Novembro de 1962

Após arrendar suas terras para mais de 45 famílias camponesas, o fazendeiro Celestino Correia da Costa esperou a plantação crescer para mover uma ação de reintegração de posse contra os trabalhadores. Com o apoio do juiz João Gonçalo de Morais e do delegado Argemiro Verlangieri de Morais, conseguiu a expulsão dos camponeses, executada com grande violência pela polícia, que espancou e prendeu 37 deles; e os enviou com grande estardalhaço para a capital do estado, Cuiabá.

Os trabalhadores, entretanto, ganharam a simpatia de estudantes, intelectuais e advogados que, articulados com o movimento camponês do estado, conseguiram a libertação dos lavradores presos. O latifundiário também foi forçado a cumprir o contrato de arrendamento, garantindo o retorno dos camponeses às terras.

Jornal das Ligas Camponesas do Nordeste anuncia a soltura dos 37 camponeses presos arbitrariamente em São Pedro do Jatobá (MT) Crédito: “Liga“, 18 de Dezembro de 1962 (reprodução)