Pindaré-Mirim
Pindaré-Mirim 1963O Movimento Sindical Rural de Pindaré-Mirim chegou a mobilizar cerca de 50 mil posseiros e teve início com o trabalho desenvolvido pelo Movimento de Educação de Base (MEB), criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O MEB tinha como prioridade alfabetizar a população rural das regiões mais pobres e marginalizadas do país, valendo-se de programas radiofônicos transmitidos por emissoras católicas de rádio. Além disso, buscava conscientizar essas populações sobre sua situação de pobreza e a exploração a que eram submetidas, formando lideranças comunitárias e sindicatos rurais que impulsionassem a organização popular.
Como resultado desse trabalho em Pindaré-Mirim, sob a liderança dos lavradores Manoel da Conceição Santos e Antônio Lisboa Brito, foram construídas, em regime de mutirão, 28 escolas de alfabetização para adultos e crianças, as chamadas "escolas joão de barro": casinhas simples, com uma porta, uma janela e bancos de madeira. Os professores eram pagos com dinheiro de contribuições uma “caixinha”, criada para esse fim. Em 18 de agosto de 1963, foi também fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pindaré-Mirim, o primeiro sindicato rural do Maranhão, reunindo mil famílias de pequenos agricultores.
Recém-fundada, a entidade logo se debruçou sobre um problema que causava sérios prejuízos aos agricultores: o gado dos fazendeiros locais, criado solto, invadia suas terras, destruindo e comendo as plantações. Teve então início o esforço para conseguir legalmente, na prefeitura, o confinamento do gado dos fazendeiros.
A iniciativa não surtiu efeito. Em represália, os lavradores puseram em prática a política que ficou conhecida como “gado comeu roça, comeu bala” as reses que invadiam suas lavouras era mortas e sua carne consumida pelas famílias ou vendida para cobrir os prejuízos causados pela destruição. Os fazendeiros começaram então a prender o gado mas, para se defender organizaram milícias paramilitares.
Também ocorreram choques dos lavradores com os grileiros que, dizendo-se donos das propriedades, tentavam expulsar os lavradores daquelas terras antes devolutas. Muitas vezes, os grileiros soltavam animais nas áreas cultivadas para que eles destruíssem as roças. Ao mesmo tempo, faziam cercas ao redor dos lotes ocupados pelos lavradores, que as derrubavam em multirões com grande adesão comunitária.
Depois do golpe de 1964, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pindaré-Mirim foi oficialmente fechado, e mais de 200 de seus líderes e ativistas foram presos. Continuou atuando na clandestinidade, organizando os camponeses contra os desmandos dos latifundiários, até que, em 1972, teve de encerrar definitivamente suas atividades.