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Fazenda Tuiuti

Belmonte 1962

No final da década de 1950, cerca de 200 famílias camponesas foram expulsas da localidade de Nova Brasília, na Bahia, por ordem do juiz Érico Guimarães. Migraram para as margens do rio Jequitinhonha, onde acamparam em terras desocupadas. Durante anos os posseiros trabalharam a área, derrubando matas, plantando roças e construindo moradias. A nova posse foi batizada de Fazenda Tuiuti.

A paz acabou em 1962, quando por lá apareceu o grileiro José Nogueira Júnior, que se dizia dono das terras. Requereu a posse na Justiça e foi novamente atendido pelo juiz Érico Guimarães. Com o apoio da Polícia Militar, Nogueira começou a intimidar os posseiros, a quem a imprensa local apresentou como “guerrilheiros treinados”, apregoando que eles pretendiam invadir todas as fazendas do sul da Bahia.

Diante da falsa ameaça, tropas de Salvador foram enviadas para a região, dando início a uma verdadeira caçada aos camponeses, que se esconderam nas matas. Quando as forças policiais os encontraram, constataram que eram simples trabalhadores sem terra, e não guerrilheiros. As tropas mudaram, então, de estratégia: passaram a afirmar que não os prenderiam, mas os deslocariam para outras terras, que lhes seriam destinadas.

Os camponeses aceitaram de boa-fé a proposta, mas logo se deram conta da farsa. Tentaram voltar as suas terras, mas a Fazenda Tuiti já estava ocupada por jagunços. A tentativa de resistência dos camponeses foi rapidamente derrotada e culminou com o assassinato de um de seus principais líderes, Horácio Paulino.