1
df

Núcleo Alexandre de Gusmão

Taguatinga 1963

Após a inauguração da nova capital do Brasil, em 1960, várias obras de construção civil foram finalizadas, e outras, paralisadas, deixando no desemprego e sem moradia milhares de candangos que haviam se deslocado para o planalto Central. Como muitos deles eram camponeses em sua região de origem, procuraram terras onde pudessem, pelo menos, garantir a sobrevivência de suas famílias.

Centenas de trabalhadores ocuparam então as terras do Núcleo Rural Getúlio Vargas (depois rebatizado de Núcleo Alexandre de Gusmão), de propriedade do Instituto Nacional de Imigração e Colonização (Inic) e, que nunca haviam sido efetivamente distribuídas. Desmataram a área, totalmente desabitada, plantaram roças, fizeram casas, abriram estradas e construíram pontes. Quando já somavam três mil famílias de trabalhadores sem terra, fundaram, em 1961, a Associação Agrícola de Taguatinga, que os orientou na divisão dos lotes e na organização do trabalho coletivo.

O núcleo prosperou rapidamente até que, em 1962, o Inic resolveu destinar as terras a imigrantes belgas. Indiferente ao destino dos ocupantes, o órgão enviou forças policiais à região, fechou estradas e pontes e interditou o terreno. A Justiça autorizou a remoção dos camponeses, mas eles se recusaram a sair.

Dezenas de atos públicos foram realizados em apoio aos lavradores, inclusive com a presença dos deputados Francisco Julião e José Porfírio, principais líderes do movimento camponês nacional naquela época. Vários abaixo-assinados foram enviados à Câmara dos Deputados e ao presidente da República, muitas passeatas realizadas - com o apoio de sindicatos urbanos -, e vários recursos, apresentados à Justiça para impedir o despejo dos posseiros.

A solução encontrada foi intermediária: os camponeses permaneceriam nas terras, mas o INIC se incumbiria da coordenação dos trabalhos do núcleo, inibindo qualquer ação autônoma dos posseiros.

A familia de Horacy Ferreira Dias, presidente da associação, foi duramente perseguida. Ele foi preso e condenado, só recebendo a anistia em 2005, no governo do presidente Lula.

Taguatinga em 1967 Crédito: Getúlio Romão Campos