Entre as décadas de 1940 e 1960, o compositor popular se firmou no cenário artístico nacional como um “intelectual da cultura”, ou seja, alguém que, com uma percepção aguçada da vida contemporânea, utiliza a linguagem comum para expressar seu pensamento sobre as questões de seu tempo.
As composições desse período consolidaram a narrativa autônoma do samba, buscando nesse gênero musical certa raiz própria, distintiva da condição de ser brasileiro, e elegeram explicitamente dois eventos para caracterizar seus modelos: a institucionalização do Carnaval como a mais importante festa popular do país e a consolidação do rádio como primeiro grande veículo de comunicação de massas.
Outras vertentes da canção popular, como a música caipira, o baião, o samba-canção e a bossa nova, entre outros, também entraram em cena nesse período, comprovando a versatilidade do compositor para inovar não só a linguagem, como também sua visão acerca do Brasil.
Seu objetivo era conhecer, refletir e transformar a realidade por meio de acordes e notas musicais. As contradições e ambiguidades enraizadas na sociedade brasileira aguçaram esse olhar dotado de frescor, fascínio e também de estranhamento.