1938 27 de julho
O 'Rei do Cangaço' é morto em tocaia
Polícia de Alagoas encurrala Lampião e mata onze; todos são degolados
O mais terrível cangaceiro do sertão é morto numa emboscada da polícia alagoana. Depois de aterrorizar o sertão nordestino, da Bahia ao Ceará, durante cerca de 15 anos, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, é encurralado na fazenda Angicos, divisa de Alagoas com Sergipe, com mais dez cangaceiros.
Desde 1923 Lampião e seu bando vinham assaltando fazendas e cidades do sertão, roubando gado, sequestrando, torturando, mutilando, estuprando, saqueando e matando. Os relatos de suas ações apavoravam a todos.
A volante da polícia atacou pela manhã, com tiros de metralhadoras. Corisco e outros cangaceiros conseguiram fugir, mas Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luís Pedro, Elétrico, Moeda, Alecrim, Colchete, Quinta-Feira, Mergulhão e Macela morreram ali mesmo. Todos foram decapitados — Maria Bonita, Quinta-Feira e Mergulhão, ainda vivos —, e suas cabeças seriam expostas em todas as cidades por onde a volante passaria, até chegar a Maceió. Multidões se reuniriam para vê-las e saudar o fim do ”terror do sertão”.
Levadas a Aracaju, foram examinadas pelo médico Carlos Meneses, do Instituto Médico Legal, que tentou provar a teoria de que certas peculiaridades cranianas determinariam o caráter criminoso. Não encontrou nada, e a teoria foi desacreditada.
As cabeças ficariam expostas por mais de 30 anos em Salvador, no Museu de Antropologia Criminal da Bahia, do Instituto Nina Rodrigues, atraindo milhares de curiosos.
A revista “Noite Ilustrada”, do Rio de Janeiro, fez uma série de reportagens, em forma de romance, contando a história de Lampião e seu bando. A série começou no início de agosto de 1938 e seguiu em capítulos até dezembro daquele ano, alcançando enorme sucesso.