Mulheres
Entrando na cena pública
A professora negra de Florianópolis escrevia à militante branca da alta sociedade do Rio de Janeiro para discutir os rumos da luta das mulheres no Brasil dos anos 1930, na qual já militavam a empregada doméstica, a médica, a revolucionária.
A força desse gesto sintetiza a ousadia de mulheres que, vivendo sob o pesado fardo do patriarcado, se mobilizaram pela ampliação dos direitos femininos no país.
O exemplo vinha de fora, como a campanha das inglesas pelo voto feminino e os movimentos e greves de operárias norte-americanas. Mas a realidade a enfrentar estava aqui dentro, num país rural que se urbanizava mas ainda impunha às mulheres a submissão dentro das famílias, a exclusão da participação política e a invisibilidade na história.
Seus instrumentos de militância eram a literatura, o ensino, o sindicato, o panfleto, as marchas, os partidos e organizações político-sociais, ferramentas para disseminar na sociedade uma ideia corajosa: romper o isolamento e a tutela da mulher, para que ela se lançasse na cena pública num momento de ebulição da história do país, como foram os anos 1930.