Playlist: As 20 Mais (1930-1945)
A Revolução de 1930 pôs fim a um período de democracia de aparências, na qual poucos votavam e pouquíssimos podiam se eleger em eleições quase sempre de cartas marcadas. Na Presidência da República, paulistas e mineiros se alternavam num acordo que entraria para a história como a República do Café com Leite.
Quando Getúlio interrompeu essa alternância, a elite reagiu e os paulistas pegaram em armas em 1932, mas o Brasil já não era mais o mesmo. Pela primeira vez independência, havia um projeto de país. As mulheres puderam votar, trabalhadores ganharam direitos e, sob tutela do Estado, o país criou sua primeira universidade.
Mas essa prometida democracia foi interrompida pelo próprio Getúlio. Sob o Estado Novo o Brasil se aproximou de nazistas e fascistas antes de decidir marchar para a guerra ao lado da democracia e dos Aliados.
Nada disso escapou à música popular.
1 É, Sim Senhor Ano 1929
[...]
Ele é estradeiro?
(É, sim senhor)
Habilitado?
(É, sim senhor)
Faz o cruzeiro?
(É, sim senhor)
Ovo gorado
(É, sim senhor)
Vem, vem, vem
Pra ganhar vintém,
Vem, seu Julinho, vem
Aproveitar também...
[...]
Ouça
2 Seu Doutor Ano 1929
[...]
O pobre povo brasileiro
Não tem, não tem, não tem dinheiro.
O ouro veio do estrangeiro.
Mas ninguém vê o tal cruzeiro!
Ó, seu Doutor! Ó, seu Doutor!
Não zangue não, nem dê cavaco
Ó, seu Doutor! Ó, seu Doutor!
Viver assim é um buraco...
[...]
Ouça
3 Seu Julinho, Vem Ano 1929
[...]
Ó, seu Toninho
Da terra do leite grosso:
Bota cerca no caminho,
Que o paulista é um colosso!
Puxa a garrucha,
Finca o pé firme na estrada:
Se começa o puxa-puxa
Faz do seu leite coalhada!
Seu Julinho vem, seu Julinho vem,
Se o mineiro lá de cima descuidar!
Seu Julinho vem, seu Julinho vem,
Vem mas custa, muita gente há de chorar.
[...]
Ouça
4 Eu Ouço Falar (Seu Julinho) Ano 1929
[...]
Eu ouço falar
Que para o nosso bem
Jesus já designou
Que seu Julinho é quem vem.
Essa história que anda aí,
Que vem pra ganhar vintém:
Ele não precisa disso
Nem de aproveitar também,
olé!
[...]
Ouça
5 É Sopa (17 a 3) Ano 1929
[...]
Seu Tonico, sem razão,
Ao juiz desatendeu,
E foi tal sua afobação,
Que a cabeça até perdeu.
O juiz, que é da barbada,
Seu Tonico pôs pra fora.
E gritou pra a rapaziada:
“Toca o bonde, tá na hora!“
Pra vencer o combinado brasileiro,
Diz Getulinho: “É sopa, é sopa, é sopa!”
Paraibano com gaúcho e com mineiro,
Diz o Julinho: “É sopa, é sopa, é sopa!”
[...]
Ouça
6 Harmonia, Harmonia Ano 1929
[...]
Quando eles viram que o barbado não dormia,
Deu-se a melódia na minoria.
Antônio Carlos, quando entrar já não podia,
Para os mineiros então dizia:
“Harmonia, harmonia,
Chamem o Getúlio, que é uma ducha de água fria!
Harmonia, harmonia,
Chamem o Getúlio, que é uma ducha de água fria!“
[...]
Ouça
7 Comendo Bola Ano 1929
[...]
Tudo mais é gauchada,
Tudo mais não vale nada,
Meu irmãozinho gaúcho.
Se tu amarra as cavalhadas,
Vendo as coisas mal-paradas,
Não aguenta com o repuxo.
Getúlio, você tá comendo bola
Não se mete com seu Júlio,
Não se mete com seu Júlio,
Que seu Júlio tem escola!
[...]
Ouça
8 Itararé Ano 1930
[...]
General Juarez Távora montado no corcé
Dominando todo o Norte provou o que o Norte é
De Sergipe ao Amazonas os chefe bateram pé
Quando ia pra Bahia nós ia pra Itararé
Itararé Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco, mate e café...
[...]
Ouça
9 Hino a João Pessoa Ano 1930
[...]
João Pessoa, João Pessoa,
Bravo filho do sertão!
Toda a pátria espera um dia
A sua ressurreição.
João Pessoa, João Pessoa,
O seu vulto varonil
Vive ainda, vive ainda
No coração do Brasil
[...]
Ouça
10 O barbado... Foi-se Ano 1930
[...]
De Sul a Norte,
Todo viram a intrepidez
De um Brasil heroico e forte
A raiar no dia 3.
A Paraíba,
Terra santa, terra boa,
Finalmente está vingada:
Salve o grande João Pessoa!
Doutor Barbado
Foi-se embora,
Deu o fora.
(Não volta mais!
Não volta mais!)
[...]
Ouça
11 Bico-de-lacre Não Vem Mais Ano 1930
[...]
Quem disse um dia que ele vinha,
Pra no Catete se assentar,
Entregue a mão à palmatória
E vai uns bolos apanhar:
Não vem mais seu Julinho,
Porque o povo não quis,
Bico-de-lacre coitadinho,
Como tu foste infeliz!
[...]
Ouça
12 Gê-gê (Seu Getúlio) Ano 1931
[...]
Só mesmo com revolução
Graças ao rádio e ao parabélum,
Nós vamos ter transformação
Neste Brasil verde-amarelo
Gê, é, gé – Gé!
Tê, u, tu – tu!
Ele, i – ó!
Getúlio!
[...]
Ouça
13 O Sem-Trabalho Ano 1931
[...]
Tô com vontade
De deixar esta cidade
Onde há tanta maldade
Onde há tanto mordedor.
Mas ando teso,
E tamanho é o meu peso,
Que sou capaz de ser preso
E nomeado interventor!
[...]
Ouça
14 Trem Blindado Ano 1933
[...]
Meu bem, pra me livrar da matraca da
Da língua de uma sogra infernal,
Eu comprei um trem blindado
Pra poder sair no Carnaval.
Mulata, por seu encanto,
Muito eu levei na cabeça,
Porém agora eu duvido
Que isso outra vez aconteça.
[...]
Ouça
15 Quem Dá Mais Ano 1932
[...]
Quem dá mais? Quem é que dá mais de um conto de réis?
Quem dá mais? Quem dá mais?
Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três!
Quanto é que vai ganhar o leiloeiro
Que é também brasileiro
E em três lotes vendeu o Brasil inteiro?
Quem dá mais?
[...]
Ouça
16 Positivismo Ano 1933
[...]
A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
Que também faleceu por ter pescoço
O infeliz autor da guilhotina de Paris
Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração
[...]
Ouça
17 Himno a Carlos Prestes Ano 1936
[...]
La llammada que viene deste valiente
Que al Brasil le enseñó con su palabra
Entra el miedo entre todos los burgueses
Y el valor entre el mundo de los parias
El pueblo brasileño
Forma sus huestes
Al son de la llamada
De Luis Carlos Prestes
[...]
Ouça
18 O Bonde de São Januário Ano 1940
[...]
Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro.
Vejam vocês: sou feliz, vivo muito bem,
A boemia não dá camisa a ninguém.
É, digo bem!
Quem trabalha é que tem razão,
Eu digo e não tenho medo de errar...
[...]
Ouça
19 É Negócio Casar Ano 1941
[...]
Veja só a minha vida como está mudada:
Não sou mais aquele que estava em casa alta madrugada.
Faça o que eu fiz, porque a vida é do trabalhador.
Tenho um doce lar e sou feliz com meu amor.
O Estado Novo veio para nos orientar:
No Brasil não falta nada, mas precisa trabalhar
[...]
Ouça
20 Quem É o Tal? Ano 1942
[...]
Quem é que usa cabelinho na testa
E um bigodinho que parece mosca?
Só cumprimenta levantando o braço,
É, ê, ê, ê, palhaço!
Quem tem um G que representa a Glória?
Quem tem um V que ficará na história
Com seu sorriso que nos dá prazer?
Ê, ê, ê, ê, vitória!
[...]
Ouça
