Playlist: Caipiras em um novo Brasil
A primeira gravação da chamada música caipira se deu em maio de 1929, com seis discos, numa produção independente bancada por Cornélio Pires, grande nome do gênero. A explosão de popularidade foi imediata. A partir dali, várias duplas se formaram, muitas delas com intercâmbio de integrantes.
O Brasil era um país fortemente rural, mas já vivia o êxodo para as capitais. Em pouco tempo, a música caipira ganharia novos significados, entrando em temas da vida urbana e também na política.
1 Paulista e Gaúcho Ano 1929
Viva o estado de São Paulo
No mundo inteiro conhecido,
Viva o povo paulista
No trabalho sempre entretido
No trabalho sempre entretido
Viva a pátria brasileira
E viva o meu Brasil querido
Viva o Rio Grande do Sul
Viva a terra das campinas
Viva o Brasil inteiro
Viva o estado de Minas
Viva o estado de Minas
Viva o Antônio e o Getúlio
E Paraíba pequenina
[...]
Ouça2 Depois das Eleições Ano 1930
[...]
Júlio Prestes ganhou à força da votação
Querem impor o tal Getúlio com a revolução,
Mas o que o povo quer é um governo bom
Que acabe com a crise e melhore a situação.
[...]
Ouça3 Rebentô a Revolução Ano 1930
[...]
No dia 3 de outubro
Rebentô a revolução
Foi uma coisa bem feita,
Uma bonita combinação.
Em Minas e no Rio Grande
E em outros pontos da Nação
O exército se alevantô
Com as suas armas na mão
Contra o Washington Luís,
Brasileiro mais turrão.
[...]
Ouça4 Legionários, Alerta! Ano 1931
Nossa grande Legião
É revolucionária
Morrerá pela Nação.
Contra o mal, sempre contrária. (bis)
Quedeis em guarda,
Quedeis em guarda,
Ou combata!
5 Se os revortoso perdesse Ano 1930
[...]
Se os Revortoso Perdesse
O negócio ficava feio:
Nós tinha que entrar na guasca,
Nós tinha que entrar no reio.
Se os revortoso perdesse,
O negócio ficava feio...
[...]
Ouça6 A Revolta de 9 de Julho Ano 1932
No dia 9 de julho
São Paulo se alevantou
Facurdade de Direito
Seu bataião já formou.
Toda a força de São Paulo
Pelos campo se espaiô
7 Tempo Ruim Ano 1930
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Eu pegava em dez mil-réis
E surtia a minha casa
Pagava tudo os vendeiro
Por nada eu atrasava
Quando era fim da sumana
Mantimento sobejava
Hoje eu pego em vinte mil-réis
Vou na vila, fico besta:
Eu gasto tudo os meus vinte,
A compra cabe na cesta!
[...]
Ouça8 A Carestia Ano 1930
[...]
A crise que temo passando
É uma coisa danada
Tudo, tudo encareceu, ai, ai,
O tostão não vale nada
O pão que estão fazendo
É uma triste amargura...
[...]
Ouça9 Itália e Abissínia Ano 1936
[...]
A Itália e a Abissínia já tão dando o que falar
pelo jeito que eu tô vendo, isso vai acabar mar
Inda hoje houve um fecha lá no fundo do quintar
A Bastiana com seu Bepe já chegaram a se unhar
[...]
Ouça10 A Baixa do Café Ano 1936
[...]
O café já deu a baixa
No mercado do estrangeiro
Não se vende mais café,
Acabou-se os fazendeiro.
Com a baixa do café,
‘Cabou o ganho dos carreiro
(Devera, isso mermo!)
Esse mundo tá perdido:
Com a baixa do café,
Quem comia de faca e garfo,
Hoje come de cuier,
Quem andava de otomove
Hoje anda de a pé
(É, é bem triste...!)
[...]
Ouça11 A Guerra da Espanha Ano 1937
[...]
Os combate são terrive
É grande a cruerdade
Fuzilamento em massa,
Destruição de cidade
Nem na guerra dos servage
Se viu tanta barbaridade:
Os homens viraram fera,
Não têm dó, não têm piedade...
[...]
Ouça12 Vida Folgada Ano 1938
[...]
Não é preciso a gente iniciar,
se já nasceu o que não se plantou,
porque se o tempo e Deus ajudar,
nasce tudo quanto se pleiteou.
Quando o governo lembra do sitiante
sua saúde for bem cuidada
haverá fartura bastante
não haverá mais vida marvada.
Que vida forgada:
despensa abarrotada,
dinheiro na argibeira,
alegria na família inteira!
[...]
Ouça13 Moda da Moeda Ano 1938
[...]
Lá na França corre o franco,
Que é difícil de encontrar
Os franceis tão percurando
O franco por todo lugar
Mas quem quer ganhar o Franco
Vai na Espanha pra guerrear...
[...]
Ouça14 A Guerra Lá na Oropa Ano 1940
A guerra tá lá na Ôropa
E inté nóis tá atrapaiano
Que já bole inté na ropa
Do jeito que tá aumentano
Os hóme que tem negócio
Agora tão porveitano.
15 Adeus, Mãezinha Ano 1942
[...]
Adeus, mãezinha,
Eu vou-me embora,
Não chores, não!
Eu sinto no peito
Uma dor tão sem jeito
Da separação...
Mas eu vou contente,
Marchando na frente
do meu batalhão,
Vencendo o perigo,
O cruel inimigo
da nossa nação!
[...]
Ouça16 Alza Manolita Ano 1943
[...]
Era uma tarde em Berlim,
Vi uma dama que era um canhão,
Com os oio apertado ansim,
Fia da pátria do amarelão.
Um rapaz era o arvo da festa:
Era o Adolfito, o toureador,
Bigodinho e cabelo na testa,
Tinha uma cara que era um horror!
E disse pra ela, levantando o braço:
“Te juro, oh bela, que és um pedaço!...”
[...]
Ouça17 A Farra dos Três Patetas Ano 1943
[...]
O seu Hitler bigodinho
E o japonês Hiroíto
Fizeram uma pagodeira
Junto com o seu Benito
Comeram arroz com palito,
"Sarsicha" com talharim
A sobremesa dos dito
Foi "arfafa" com capim.
[...]
Ouça18 Você Já Viu o Cruzeiro? Ano 1943
[...]
A pregunta do momento
É se já viu o cruzeiro
E o seu fi’ote, o centavo,
Que são os novos dinheiro.
Não se chama mais o rico
De “sujeito endinheirado”:
Ouço agora é dizer
“Fulano é encruzeirado”
Eu ‘tive vendo num banco
O nome da dinheirama...
[...]
Ouça19 A Carta do Expedicionário Ano 1945
[...]
Minha querida mamãe,
É com a maior sodade
Que envio nessa cartinha
Votos de felicidade!
Quanto a mim e meus colega,
Semos uma irmandade,
Temos orgulho de ser
Sordados da liberdade!
[...]
Ouça20 Vitória Final Ano 1945
[...]
Conforme o rádio falou,
Eu também li nos jornar:
Agora já terminou
a grande guerra mundiar.
A Alemanha estava dura
Mas se entregou-se afinar.
Quando correu a notícia
Foi uma alegria gerar!
[...]
Ouça