1935 11 de julho
Governo decreta ilegalidade da ANL
Getúlio nem espera processo; a integralistas, cede prédio público
Apoiado na Lei de Segurança Nacional, Getúlio decreta o fechamento todos os núcleos da Aliança Nacional Libertadora (ANL) no Brasil, enquanto se processa o cancelamento de seu registro. Ao mesmo tempo, cede o prédio do Instituto Nacional de Música aos integralistas, para que realizem a cerimônia de encerramento do seu congresso no Rio — demonstrando que o governo está disposto a impedir o avanço da esquerda.
Assustados com o crescimento vertiginoso dos núcleos da ANL em todo o país, a igreja católica, banqueiros, industriais, representantes de empresas estrangeiras e jornais como “O Globo” e “O Jornal” já faziam campanha por sua interdição havia meses.
Os boatos sobre o fechamento da organização aumentaram quando o governo proibiu a Aliança de comemorar os levantes tenentistas de 1922 e 1924, no dia 5 de julho. Mesmo assim, manifestações aconteceram em várias cidades. O deputado Otávio da Silveira, na Câmara dos Deputados, e Carlos Lacerda, no comício da ANL no Rio de Janeiro, leram o manifesto de Luís Carlos Prestes, presidente de honra da Aliança, que conclamava:
“Organizai o vosso ódio contra os dominadores, transformando-o na força irresistível e invencível da revolução brasileira! Vós, que nada tendes para perder, e a riqueza imensa de todo Brasil a ganhar! Arrancai o Brasil da guerra do imperialismo e dos seus lacaios! Todos à luta para a libertação nacional do Brasil! Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular nacional revolucionário!”.
No dia seguinte à assinatura do decreto, o “Correio da Manhã” trouxe, na primeira página, longa entrevista com Filinto Müller, chefe de polícia da capital da República, na qual ele afirmava ter o Brasil sido escolhido para centralizar a irradiação do comunismo no mundo, e que a Aliança Nacional Libertadora seria “a pele de cordeiro com que se vestiu o Partido Comunista, de maneira que pudesse agir mais livremente entre nós”.