1943 24 de outubro
Políticos mineiros desafiam Getúlio
Líderes de MG assinam manifesto por democracia e o distribuem nas ruas
Um manifesto assinado pelos principais nomes da elite mineira abala a política nacional. O grupo responsável pelo manifesto imprime 50 mil exemplares do documento e os distribui de mão em mão ou de casa em casa, empurrando-os sob a porta.
Segundo o manifesto, “se lutamos contra o fascismo, ao lado das Nações Unidas, para que a liberdade e a democracia sejam restituídas a todos os povos, certamente não pedimos demais reclamando para nós mesmos os direitos e as garantias que as caracterizam”.
Os mineiros reivindicavam: “Queremos alguma coisa além das franquias fundamentais, do direito de voto e do habeas corpus. Nossas aspirações fundam-se no estabelecimento de garantias constitucionais, que se traduzam em efetiva segurança econômica e bem-estar para todos os brasileiros, não só das capitais, mas de todo o território nacional. Queremos espaço realmente aberto para os moços, oriundos de todos os horizontes sociais, a fim de que a nação se enriqueça de homens experimentados e eficientes, inclusive de homens públicos, dentre os quais venham a surgir no contínuo concurso das atividades políticas, os fadados a governá-la e a enaltecê-la no concerto das grandes potências, para o qual rapidamente caminha. Queremos liberdade de pensamento, sobretudo do pensamento político”.
O manifesto, dirigido ao povo mineiro, teve 92 signatários, entre eles Adauto Lúcio Cardoso, Afonso Arinos de Melo Franco, Afonso Pena Júnior, Álvaro Mendes Pimentel, Artur Bernardes, Augusto de Lima Júnior, Bueno Brandão, Dario de Almeida Magalhães, Francisco de Assis Magalhães Gomes, Magalhães Pinto, Milton Campos, Odilon Braga, Paulo Pinheiro Chagas, Pedro Aleixo, Pedro Nava e Virgílio de Melo Franco.
O Manifesto dos Mineiros foi a primeira manifestação pública de um grupo da elite brasileira contra o Estado Novo, que até então só havia enfrentado oposição da esquerda.