1933 3 de maio
Brasil vai às urnas eleger Constituinte
Mulheres votam pela primeira vez; Justiça Eleitoral comanda o pleito
Pela primeira vez na história do Brasil, as mulheres vão às urnas. Apesar disso, o número de pessoas habilitadas a votar em 1933 (1,466 milhão), na escolha dos deputados constituintes, declina em comparação a 1930 (2,525 milhões), devido ao recadastramento eleitoral, que eliminou uma grande quantidade de eleitores fantasmas. Dos eleitores registrados, quase 90% compareceram às urnas.
O cadastramento das mulheres, porém, não se refletiu na composição do Legislativo. Entre os 254 deputados constituintes, apenas uma mulher se elegeu, a médica paulista Carlota Pereira de Queirós.
Nos estados, antigos grupos políticos fizeram pactos em defesa de seus interesses. O mais importante se deu em São Paulo, onde os partidos derrotados no levante de 1932 lançaram a Chapa Única, que elegeu 17 dos 22 deputados do estado, indicando que continuariam a fazer forte oposição ao governo Vargas. O maior colégio eleitoral era Minas Gerais, seguido por São Paulo e Rio Grande do Sul.
As eleições constituintes tiveram uma segunda etapa no mês de julho, quando se escolheram os representantes das associações profissionais. Nesse pleito, presidido pelo Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, 270 delegados, representando os sindicatos de trabalhadores, elegeram os 18 representantes dos empregados; 71 delegados de entidades patronais escolheram os 17 deputados vinculados aos empregadores; 79 delegados dos profissionais liberais indicaram outros três nomes; e, por fim, 101 delegados dos funcionários públicos definiram os dois deputados para defender seus interesses na Constituinte. No total, a Constituinte foi composta por 214 deputados eleitos pelo voto direto do povo e por 40 escolhidos por entidades classistas de trabalhadores e patrões.