1942 28 de janeiro
Brasil segue os EUA e rompe com o Eixo
Chanceleres americanos no Rio aderem à decisão; Chile e Argentina discordam
Ao final da 3ª Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas Americanas, Osvaldo Aranha, ministro das Relações Exteriores do Brasil, anuncia o rompimento das relações entre o Brasil e os países do Eixo — Alemanha, Itália e Japão. Tanto os embaixadores e autoridades presentes ao encontro quanto a multidão que acompanhava da rua a solenidade no palácio Tiradentes aplaudem efusivamente o chanceler brasileiro.
Getúlio já demonstrara essa intenção ao abrir o encontro, no dia de 15 de janeiro: “É propósito dos brasileiros defender, palmo a palmo, o próprio território contra quaisquer incursões e não permitir que possam as suas terras e águas servir de ponto de apoio para o assalto a nações irmãs. Não mediremos sacrifícios para a defesa coletiva”.
O principal objetivo da reunião, convocada pelos Estados Unidos logo após o ataque japonês a Pearl Harbor, era a aprovação unânime de uma resolução de rompimento imediato de relações diplomáticas e comerciais dos países americanos com o Eixo. Mas, como a Argentina e o Chile não concordaram, foi aprovada apenas uma recomendação nesse sentido.
Em seu discurso, Osvaldo Aranha, emocionado, afirmou: “A democracia está viva. A democracia sempre viverá, porque na América ela não associa, regula ou protege interesses, mas irmana as consciências para a obra do bem e da paz entre os americanos”.
Ao final, o chanceler do México, Ezequiel Padilla, se disse confiante de que Chile e Argentina se juntariam “aos seus irmãos de toda a América” na luta contra o totalitarismo. E, entusiasmando a plateia, concluiu seu discurso com os últimos versos do samba de Braguinha, Alcir Pires Vermelho e Alberto Ribeiro “Onde o Céu Azul É mais Azul”:
“Eu já encontrei um dia alguém
Que me perguntou assim: 'Iaiá
O seu Brasil, o que é que tem?
O seu Brasil, onde é que está?'
Onde o céu azul é mais azul
E uma cruz de estrelas mostra o sul
Aí se encontra o meu país
O meu Brasil, grande e tão feliz
Que tem junto ao mar, palmeiras
No sertão, seringais
E no sul, verdes pinheirais
E um jangadeiro que namora o mar
Verde mar a beijar
Brancas praias sem fim
Quando baila o ar
Um garimpeiro que lá no sertão
Procura estrelas raras pelo chão
E um boiadeiro que, tangendo os bois,
Trabalha muito pra sonhar depois
E se é grande o céu, a terra e o mar
O seu povo bom não é menor
Mas o que faz admirar
Eu vou dizer, guarde bem de cor
Quem vê o Brasil que não tem fim
Não chega a saber por que razão
Esse país tão grande assim
Cabe inteirinho em meu coração.”