1930 10 de maio
Acidente aéreo mata Siqueira Campos
Líder tenentista voltava de encontro com Luís Carlos Prestes na Argentina
Primeiro acidente da aviação comercial da América do Sul deixa quatro mortos, inclusive o líder tenentista Siqueira Campos, herói do episódio dos 18 do Forte. Só João Alberto Lins de Barros, também líder tenentista, sobrevive.
O avião havia decolado de Buenos Aires e caiu de madrugada no rio da Prata, a cerca de três quilômetros da praia de Ramirez, no Uruguai. Os passageiros sobreviveram à queda, mas não resistiram às águas geladas do rio — exceto João Alberto, que conseguiu nadar até a margem uruguaia. Siqueira Campos morreu às vésperas de completar 32 anos de idade.
Exilado, perseguido por suas atividades revolucionárias, Siqueira Campos viajava com o nome falso de Carlos de Oliveira, enquanto João Alberto se apresentava como Nélson Barros da Costa. Ambos voltavam de um encontro com Luís Carlos Prestes, de quem eram muito próximos — estiveram a seu lado nos dois encontros com Getúlio Vargas, quando discutiram a possibilidade de apoiar a Aliança Liberal.
Washington Luís proibiu navios brasileiros de trazer de volta o corpo do líder tenentista — encontrado dias depois, praticamente irreconhecível. Ele só chegaria ao Rio de Janeiro numa embarcação de bandeira francesa, três semanas depois. Foi homenageado por 15 estivadores, que fizeram questão de carregar nos ombros o caixão. Uma multidão aguardava no cais e, em comoção, formou um cortejo que acompanhou o esquife até a igreja de Santa Cruz dos Militares, no centro da cidade.
O tenente foi sepultado em São Paulo, para onde seus restos mortais seguiram no dia seguinte.