A era do rádio Jornalismo
Dois noticiários radiofônicos serviram de modelo para a transmissão de notícias nas rádios brasileiras a partir da década de 1940. A emissora mais importante do país, a Rádio Nacional, era a responsável pelo “Repórter Esso”. Na Rádio Tupi de São Paulo, as notícias chegavam pelo “Grande Jornal Falado Tupi”. Retransmitidos por outras emissoras do país, esses programas chegavam a milhões de ouvintes.
A era do rádio / Jornalismo Repórter Esso
“A testemunha ocular da história” — como dizia seu slogan — entrou no ar em agosto de 1941. Apresentado em cinco edições diárias de cinco minutos cada, o “Repórter Esso” não era, porém, criação brasileira. Patrocinado pela Standard Oil, companhia de petróleo norte-americana conhecida no Brasil como Esso (e, futuramente, Exxon), irradiava notícias do exterior que vinham prontas da matriz da United Press, agência de notícias dos Estados Unidos.
Na época, a empresa petrolífera investiu em programas semelhantes na América Latina, na intenção de levar o público a assimilar o ponto de vista das grandes empresas norte-americanas. Seguindo o modelo, impresso no “Manual de Jornalismo Esso”, as notícias eram organizadas em frases curtas e diretas, seguindo rigidamente o modelo sujeito / verbo / predicado. O locutor não emitia opiniões, somente narrava os fatos conforme lhe chegavam da redação. Cada notícia era dada em, no máximo, 40 palavras. A maior parte do noticiário era dedicada aos acontecimentos em torno da Segunda Guerra Mundial, sempre sob o ponto de vista dos Aliados. O Brasil vivia a censura do Estado Novo, e os acontecimentos nacionais só podiam ser noticiados se fossem favoráveis ao governo.
O “Repórter Esso” era líder de audiência. Sua transmissão simultânea pelas mais importantes cidades do Brasil — São Paulo (Rádio Record e, depois, Tupi), Recife (Rádio Jornal do Commercio), Porto Alegre (Rádio Farroupilha) e Belo Horizonte (Rádio Inconfidência) — e ainda o aumento do alcance das ondas de rádio foram a primeira tentativa de montar no país uma rede nacional de notícias. O programa, apresentado na maior parte das vezes por Heron Domingues, fez tanto sucesso que, além de ficar no ar até 1968, foi levado à televisão, onde ficou de 1952 a 1970.
Grande Jornal Falado Tupi
Esse radiojornal, transmitido pela Rádio Tupi de São Paulo, tinha uma única edição diária, à noite. Seu formato seguia o de um jornal impresso: começava com as manchetes do dia e depois tinha blocos de notícias organizadas por assunto. As notícias do “Grande Jornal Falado Tupi” eram selecionadas de jornais e agências internacionais e reescritas especialmente para a locução radiofônica. Dirigido por Corifeu de Azevedo Marques, entrou no ar em 1942 e era retransmitido por uma série de emissoras do país.
A era do rádio / Jornalismo Esportes
Os programas sobre esportes, principalmente futebol, tinham enorme audiência.
A Copa do Mundo de 1938, na França, foi a primeira transmitida para os ouvintes brasileiros, com exclusividade pelas Emissoras Byington — rede que pertencia ao empresário Alberto Byington Júnior e incluía as rádios Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro e de São Paulo, e a Kosmos, de São Paulo. A rede, em parceria com a Rádio Clube de Santos e os jornais “O Globo” e “Jornal dos Sports”, instalou alto-falantes em pontos estratégicos das cidades, para que todos pudessem ouvir os jogos da Seleção Brasileira, narrados pelo paulista Gagliano Neto, diretamente da Europa, sob o patrocínio exclusivo do Cassino da Urca.
Um locutor que marcou época foi o compositor Ari Barroso. Foi o precursor das vinhetas e dos efeitos sonoros nas narrações esportivas. Torcedor fanático do Flamengo, Ari começou a carreira de narrador na Rádio Cruzeiro do Sul, em 1936. De lá foi para a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. Na época, os estádios não tinham lugar especial para os profissionais da imprensa, e o jeito era ficar na arquibancada, ao lado dos torcedores. Para se sobrepor ao barulho da torcida quando saía algum gol, ele introduziu uma gaitinha à narração. Virou sua marca registrada.