Ao contrário da América Espanhola, onde a primeira dezena de universidades foi criada ainda no século 16, no Brasil os primeiros cursos de ensino superior só surgiram em 1808, após a chegada da corte portuguesa. As primeiras universidades brasileiras foram criadas apenas no século 20: em 1920 foi fundada a Universidade do Rio de Janeiro, e, em 1934, a Universidade de São Paulo (USP).
Em 2003, o Brasil tinha apenas 43 câmpus de universidades federais, concentrados no Sudeste, no Sul e no litoral. Em 2010, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), esse número subiu para 230, com crescimento interiorizado e pautado pela desconcentração regional.
Os novos câmpus foram construídos principalmente em cidades de médio porte. No total, o Brasil ganhou 14 novas universidades federais e 126 câmpus, com foco na política de interiorização do ensino superior e na ampliação do número de matrículas nas regiões Norte e Nordeste.
Projeto de país
Em entrevista no Maranhão, o ministro da Educação Fernando Haddad explica o impacto da interiorização das universidades no país:
Entre 2005 e 2010, o volume total de matrículas nas universidades federais cresceu 90,1%, passando de 3,88 milhões para 5,45 milhões. As vagas nos cursos noturnos — que beneficiam os estudantes trabalhadores — saltaram de 2,2 milhões para 3,45 milhões.
O perfil socioeconômico dos estudantes de ensino superior foi progressivamente alterado: em 2010, pela primeira vez, a proporção entre egressos de escolas públicas e privadas se inverteu, com 50,39% dos alunos provenientes de escolas públicas.
A porcentagem de alunos de universidades públicas que também trabalhavam passou de 26,3%, em 2004, para 37,6%, em 2010. Dessas instituições, 43,7% dos estudantes pertenciam às classes C, D e E, e 23,5% à faixa B2.