Historicamente, o ensino superior no Brasil sempre foi privilégio de uma pequena parcela da população — a parcela branca das classes A e B, concentrada nas regiões Sul e Sudeste e no litoral. Mas o perfil começou a mudar na primeira década dos anos 2000.
Cada vez mais, jovens de origem pobre, negros e pardos, de todas as regiões do país, passaram a alcançar o que era restrito a poucos — graças não só a seus próprios méritos e à expansão e interiorização da rede federal de ensino superior, mas também às políticas afirmativas, à distribuição recorde de bolsas de estudo e ao acesso facilitado ao crédito estudantil.
Entre 2000 e 2010, o número de pessoas com ensino superior completo mais do que dobrou, passando de 5,9 milhões para 13,5 milhões, sendo Nordeste, Centro-Oeste e Norte as regiões com maior aumento no número de diplomados.
A taxa de escolarização bruta — razão entre a população total entre 18 e 24 anos e o número de matriculados no ensino superior — passou de 10% para 23,4%. O aumento foi ainda mais expressivo nas regiões Norte — saltou de 5,2%, em 2000, para 16,5% em 2010, mais do que o triplo — e Nordeste — subiu de 5,2% para 14,1%.
A cara da universidade mudou: mais negros, mais trabalhadores, mais pessoas do campo e de fora das grandes cidades. Políticas públicas ousadas foram aos poucos derrubando os muros que separaram por séculos a maioria da juventude brasileira do ensino superior.
O Brasil chegava, enfim, à universidade.