1988 9 de novembro
Exército volta a reprimir greve na CSN
Tropas militares invadem a siderúrgica ocupada, matam três operários e ferem nove
Por determinação do governo federal, tropas do Exército, acompanhadas de um batalhão da Polícia Militar, invadem as instalações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), ocupada há quatro dias por grevistas. Três operários são mortos e outros nove são gravemente feridos. A violência choca o país e tem forte repercussão política, inclusive sobre as eleições municipais da semana seguinte.
Dias antes, 18 mil operários de duas grandes empresas de Volta Redonda – a CSN e a FEM (Fábrica de Estruturas Metálicas) – haviam entrado em greve, reivindicando reposição salarial de 26,06% (percentual expurgado do cálculo da inflação pelas regras do Plano Bresser) e mais 17,68% da URP (Unidade de Referência de Preços, média trimestral da inflação usada para corrigir salários) de julho. As negociações fracassaram e os operários acabaram invadindo as instalações da CSN.
As tropas militares entraram na empresa com bombas de gás lacrimogêneo, blindados Cascavel e fuzis automáticos. No dia seguinte, os operários concordaram em deixar as instalações, mas a greve só terminaria no dia 23, com um acordo que evitou a punição dos grevistas, readmitiu os dispensados em greves anteriores, previu a adoção do turno de 6 horas em 90 dias e estipulou o pagamento de um abono salarial, da URP de julho e de um percentual de 8%.
Os operários mortos foram Walmir Freitas Monteiro, 27 anos, e William Fernandes Leite, 22, atingidos por disparos de fuzil, e Carlos Augusto Barroso, 19, que teve seu crânio esmagado. No ano seguinte, o monumento erguido em homenagem aos operários mortos seria destruído por um atentado a bomba, aparentemente cometido por grupos direitistas inconformados com o fim do poder políticos dos militares.