O grupo dos mais importantes países emergentes começou a se configurar como bloco geopolítico a partir do início dos anos 2000. Brasil, Rússia, Índia e China, cada um com suas peculiaridades como potências regionais, abrigavam então cerca de 3 bilhões de habitantes, quase a metade da população mundial. Entre 2003 e 2007, o grupo apresentava 65% da expansão do PIB mundial. Em 2009, o Bric — sigla do grupo, composta pelas iniciais dos países em inglês — respondia por 14% da totalidade do PIB global.
Em 2009, ocorreu o primeiro encontro de cúpula do Bric, lançando as bases para a atuação do grupo em dois eixos principais: a articulação política em instâncias multilaterais e a construção de uma agenda de cooperação interna entre os gigantes emergentes. Assim, os países do Bric assumiam a dianteira nos debates do G-20, na proposição de políticas anticíclicas para fazer frente à crise mundial de 2008 e nas discussões sobre a necessidade de reformas nos órgãos da ONU e em seu Conselho de Segurança (no qual esses países pleiteavam assento).
Em 2011, a África do Sul se uniu ao grupo, que, incorporando o S de “South Africa”, passou a se chamar Brics. A heterogeneidade dos países do Brics abrigava tanto países como a Rússia — que se recuperava da crise pós-dissolução da União Soviética, ex-segunda potência mundial, e pretendia recobrar sua influência bélica e regional — quanto a China e sua potencial liderança econômica mundial.
A Índia, assim como a Rússia, controlava tecnologia militar de ponta, enquanto Brasil e África do Sul assumiam papel de negociadores internacionais sem disputas territoriais com seus vizinhos, nem ameaças externas ou internas à sua segurança, nem pretensão de se posicionarem como potências militares.
Com relação ao comércio exterior, a China suplantava os EUA e tornava-se o principal mercado das exportações brasileiras: em 2002, foi destino de 4,2% de nossas exportações, porcentagem que saltou para 15,2% em 2010. Também foi o segundo país em termos de volumes importados pelo Brasil (25,6% do total). Entre 2000 e 2010, a importação de produtos chineses aumentou 2.583%, enquanto a de produtos indianos cresceu 2.143%.
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do governo Lula, fala sobre a importância do Brics na correlação internacional de forças: