1990 3 de outubro
Tempos neoliberais marcam as eleições
Forças conservadoras avançam no Congresso e nos governos estaduais
Nas eleições gerais de 1990, as primeiras depois da promulgação da nova Constituição, todas as 27 unidades da federação elegem seus governadores pelo voto direto. Os antigos territórios federais, que antes tinham governantes nomeados, foram elevados à categoria de Estados. O Distrito Federal ganhou direito à representação política.
Também pela primeira vez aplica-se a regra dos dois turnos, implantada pela Constituinte, na eleição majoritária. Os candidatos aos governos estaduais precisam obter 50% mais um dos votos válidos para se eleger no primeiro turno. Caso contrário, os dois mais votados vão à disputa em segundo turno no dia 25 de novembro.
Além de votar nos governadores, os eleitores escolheram no primeiro turno 503 deputados federais, milhares de deputados estaduais e 31 senadores. A renovação do Senado era de um terço, mas Roraima e Amapá elegeriam seus três primeiros senadores no mesmo pleito.
Na eleição de governadores, o resultado mostrou uma dispersão das forças partidárias em função da mudança na Presidência no ano anterior. O PMDB, que em 1986 só não fora vitorioso em um Estado, perdeu hegemonia, elegendo apenas sete governadores contra nove do PFL. O PDT elege três, o PTB, dois. PSDB, PDS, PSC, PRS e PTR, um cada. Nesse conjunto, 15 governadores são de partidos que apoiam o governo e 12 de partidos de oposição.
No Congresso, houve avanço das forças conservadoras e encolhimento da esquerda. Das 31 cadeiras em disputa no Senado, o PFL e o PMDB ficaram com oito cada um; o PTB com quatro; o PDC, o PRN (partido do presidente Collor) e o PDS, com dois. PT, PSDB, PST, PMN e PDT elegeram um senador cada. Dois dos eleitos ficariam no Senado por longo período: José Sarney (PMDB-AP) e Eduardo Suplicy (PT-SP).
Na Câmara, a maior bancada eleita foi a do PMDB, com 108 deputados, seguida pela do PFL, com 83; do PDT, com 45; do PDS, com 42; e do PRN, com 40. Os demais partidos elegeram menos de 40 deputados. O PSDB, criado em 1988, elegeu 38, e o PT, 35.
Na conjuntura conservadora em que o país vivia, nomes importantes do campo progressista, como Fernando Lyra e Cristina Tavares, entre outros, não se elegeram. Mesmo contando com o apoio do PFL, do PTB e de siglas menores, o governo tinha uma maioria precária, que se desmancharia a partir do momento em que o presidente passou a adotar uma postura arrogante nas relações com o Congresso.