1968 21 de junho
28 pessoas morrem na Sexta-Feira Sangrenta
Com apoio da população, estudantes enfrentam cavalaria da PM no centro do Rio
Uma semana que começou com a prisão do líder estudantil Jean Marc von der Weid termina no maior enfrentamento entre policiais, estudantes e população no centro do Rio, que resultaria em 28 mortes. No dia 18, Jean Marc havia sido preso com outros estudantes ao final de uma passeata. No dia seguinte, novo ato foi reprimido com violência pela polícia.
Em 20 de junho, centenas de estudantes se reuniram no Teatro de Arena da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obrigaram o reitor e o Conselho Universitário a debater com eles a situação do ensino superior. Ao saírem de lá, os jovens são violentamente reprimidos com golpes de cassetete e tiros. Mais de 300 foram presos e levados ao campo do Botafogo, onde sofreram espancamentos e humilhações.
Na manhã do dia 21, sexta-feira, nova passeata em protesto contra a repressão paralisa o centro do Rio. Os estudantes reagem às investidas da polícia, enfrentando a cavalaria com rolhas e bolas de gude, que fazem os cavalos tombar. A população apoiou os jovens e também atacou a polícia com pedras. Do alto dos prédios, objetos foram atirados sobre os soldados. A policia reagiu com tiros. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas de helicópteros. Durante o fim da manhã e toda a tarde, o conflito se espalhou por uma extensa área do centro.
A batalha durou até o início da noite e persiste uma controvérsia com relação ao número de mortos. O verbete do Centro de Documentação de História Contemporânea (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, fala em “um saldo de 28 mortos, segundo informações dos hospitais – ou três, segundo a versão oficial". Restaram ainda centenas de feridos, mais de mil presos e 15 viaturas incendiadas na Sexta-Feira Sangrenta.