1964 30 de março
No último discurso, Jango antevê golpe
Durante festa da PM, presidente denuncia a manipulação golpista
Convidado de honra de um ato promovido pela Associação dos Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar na sede do Automóvel Clube do Rio de Janeiro, João Goulart discursa em defesa de seu governo e das Reformas de Base. Alguns auxiliares haviam aconselhado que ele não comparecesse devido à radicalização da crise nas Forças Armadas, mas Jango decidiu estar presente no ato.
Muito tenso e falando de improviso, o presidente denunciou o “clima de intrigas e envenenamento” que grupos poderosos tentavam criar. Defende as Reformas de Base, associando-as à doutrina social da igreja católica, como já havia feito no comício de 13 de março na Central do Brasil, e garantiu o estrito cumprimento da Constituição.
Numa clara alusão a entidades como o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que financiavam partidos e parlamentares da oposição, Jango alertou para a manipulação dos “grupos de pressão que hoje controlam facções políticas, agências de publicidade e órgãos de cúpula das classes empresariais”. E finalizou: “O presidente não vacilará um instante sequer na execução de todas as leis e todos os decretos”.
Foi a última aparição em público do presidente constitucional, que seria deposto 48 horas depois.