1966 27 de outubro
Jango, JK e Lacerda criam Frente Ampla
Líderes se articulam e lançam manifesto pela redemocratização
Lançado por Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek, o manifesto da Frente Ampla marca o início de um processo de articulação de diferentes segmentos da oposição política à ditadura. Juscelino, Lacerda e Jango haviam sido, respectivamente, os principais líderes do Partido Social Democrático (PSD), da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), os três maiores partidos existentes antes de 1964.
Lacerda havia construído sua carreira política combatendo ferozmente os governos de Jango, de Juscelino e do criador do PTB, Getúlio Vargas. Foi um dos principais líderes civis do golpe, mas em 1966 passou a fazer oposição ao regime, convencido de que os militares não permitiriam o retorno dos civis ao poder -- nem mesmo dos conservadores. JK, que havia sido aliado de Jango, distanciara-se dele pouco antes do golpe, que apoiou. Cassado e perseguido sem tréguas pelo regime, partiu para o exílio. Embora exilado no Uruguai, Jango era a principal referência, junto com Leonel Brizola, das forças trabalhistas no Brasil.
Apesar de suas diferenças, os três líderes políticos uniram-se para tentar apressar o fim do regime. Entretanto, devido às suas contradições internas, a Frente Ampla não conseguiria avançar significativamente e acabaria proibida pela ditadura. Sua breve existência serviu para deixar claro que, na nova ordem que os militares e seus aliados estabeleceram, não havia lugar para os líderes políticos anteriores ao golpe, muito menos para a democracia.