1969 15 de agosto
Guerrilha solta voz na Rádio Nacional
Comando da ALN toma transmissor e divulga manifesto revolucionário
Militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) tomam os transmissores da Rádio Nacional em São Paulo e divulgam manifesto de Carlos Marighella intitulado “Ao Povo Brasileiro”. Tendo ao fundo o som do Hino Nacional, a gravação anuncia que o texto era de autoria do ex-deputado do PCB e líder guerrilheiro. O manifesto conclamava o povo a derrubar a ditadura. Na meia hora em que a estação esteve sob controle da ALN, a gravação foi repetida mais uma vez. No mesmo dia, o jornal paulistano "Diário da Noite" publicou em sua segunda edição o texto integral do manifesto.
Para realizar a ação, os militantes decidiram não ocupar o estúdio da rádio, que ficava no centro de São Paulo, mas sim a estação transmissora, localizada numa região afastada no município de Diadema. Segundo registrou o jornalista Mário Magalhães em seu livro “Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, naquele horário (8h30 da manhã) o sinal da rádio alcançaria um raio de 600 quilômetros.
No manifesto lido pelo militante Gilberto Luciano Belloque, Marighella repudia a acusação falsa de que a ALN seria responsável por incêndios recentes em três emissoras de TV, que ele classificou como "contra os revolucionários". O texto listava ainda as prioridades da guerra revolucionária, que incluíam: derrubar a ditadura e anular todos seus atos; expulsar os norte-americanos do país, expropriando suas empresas, seus bens e os de seus colaboradores; acabar com o latifúndio; acabar com a censura e retirar o Brasil da condição de satélite da política externa dos Estados Unidos.