1960 8 de novembro
Greve da paridade paralisa o país
Trabalhadores querem equiparação salarial com os servidores militares
Marítimos, portuários e ferroviários dão início a greve por equiparação dos vencimentos dos funcionários civis da União com os dos militares, que obtiveram reajustes não concedidos aos demais servidores federais. Essas categorias, representadas por 56 sindicatos, totalizam mais de 1,6 milhão de trabalhadores no país. Estão interrompidas assim as atividades de portos, balsas de transporte interestaduais e estações de trem.
A paralisação fora decidida numa enorme assembleia realizada na antevéspera, no Teatro João Caetano, no Rio, depois de exaustivas reuniões nos dias 4 e 5.
O presidente Juscelino Kubitschek logo declarou a ilegalidade da greve. O capitão Carlos Pinto, chefe da divisão de Polícia Política e Social, declarou que mais de 12 mil homens das polícias civil e militar entrariam de prontidão para "reprimir a greve de qualquer maneira", antes mesmo de sua concretização.
O ministro da Viação e Obras Públicas, Ernâni do Amaral Peixoto, nomeou interventores para as ferrovias e empresas marítimas. No Rio, houve violentos confrontos entre os grevistas e tropas do Exército e da polícia.
Além da violência policial, a censura também seria utilizada para enfraquecer o movimento grevista: segundo determinação do Ministério da Justiça, estações de rádio e televisão só poderiam divulgar, sobre a greve, notícias distribuídas pela Agência Nacional.
Em pouco mais de um dia de paralisação, cidades brasileiras como Rio de Janeiro e Osasco (SP) já se encontravam à beira de um colapso dos meios de transporte.
No dia 9, líderes sindicais se reuniriam com o ministro do Trabalho, Alírio de Sales Coelho, para tentar solucionar o impasse, criado tanto pela atitude intransigente e repressiva do governo quanto pela decisão dos grevistas de não interromper o movimento. A primeira exigência dos sindicatos — a soltura dos presos — não seria atendida pelo ministro da Justiça, Armando Falcão.
No Congresso, todavia, tramitava rapidamente um projeto de lei instituindo a paridade de vencimentos dos servidores civis e militares.
No dia 10, os dois lados do conflito acabariam cedendo. Os trabalhadores, convencidos de que a lei seria aprovada, acabariam encerrando a greve a partir da primeira hora do dia 11. A polícia desinterditaria os sindicatos. E a Lei da Paridade entre Civis e Militares seria aprovada dia 12.