1970 16 de janeiro
Exército massacra Mário Alves no Rio
Preso no quartel da Polícia do Exército, líder do PCBR é torturado até a morte
Dirigente histórico do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), organização de luta armada, o jornalista Mário Alves é preso no subúrbio carioca da Abolição e levado para o quartel da Polícia do Exército (PE). Submetido a torturas durante toda a noite e a madrugada, foi visto pela última vez por outros prisioneiros quando já estava muito ferido. Seu cadáver seria removido da instalação militar sem testemunhas.
Em incansável busca pelo corpo do marido, Dilma Vieira escreveu carta a Aparecida Gomide, mulher de Aloysio Gomide, embaixador brasileiro então sequestrado no Uruguai. Na correspondência, Dilma procurou sensibilizar Aparecida, que também vivia um drama com o sequestro do embaixador, e denunciou a violência da tortura que matou Mário:
"Foi preso no dia 16 de janeiro do corrente, na Guanabara, pela polícia do 1º Exército e levado para o quartel da PE, sendo espancado barbaramente de noite, empalado com um cassetete dentado, o corpo todo esfolado por escova de arame, por se recusar a prestar informações exigidas pelos torturadores do 1º Exército e do Dops. Alguns presos, levados à sala de torturas para limpar o chão sujo de sangue e de fezes, viram meu marido moribundo, sangrando pela boca e pelo nariz, nu, jogado no chão, arquejante, pedindo água, e os militares torturadores em volta, rindo, não permitindo que lhe fosse prestado nenhum socorro".
O corpo nunca foi encontrado. Mário Alves integra a lista de desaparecidos políticos durante a ditadura militar.
No mesmo dia da detenção do dirigente comunista, agentes da Operação Bandeirante (Oban) prenderam em São Paulo a jovem militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, que seria eleita presidenta do Brasil pelo PT em 2010 e reeleita em 2014.