1976 15 de novembro
Eleição silenciada dá vitória à Arena
MDB avança no país, mas Lei Falcão garante vitória do partido oficial
Numa eleição em que os candidatos foram proibidos de falar no rádio e na TV, a Arena obtém 12 milhões de votos contra 10 milhões do MDB e faz a maioria dos prefeitos e vereadores em todo o país. Os números mostram, contudo, o avanço do partido da oposição em relação às eleições municipais de 1972. Naquele ano, o MDB havia obtido menos de 7 milhões de votos contra mais de 15 milhões da Arena, que conquistara então 90% das prefeituras.
A vitória arenista em 1976 foi obtida graças ao artifício da Lei Falcão, editada naquele ano, que transformou a propaganda eleitoral num desfile enfadonho de currículos e fotografias dos candidatos. Como ocorria desde 1972, nas capitais e em 142 municípios considerados “de segurança nacional” houve eleições apenas para vereador. Mais de 7 milhões de eleitores (um quarto do total na época) estavam proibidos de votar para prefeito.
Mesmo com o cerceamento da propaganda, a oposição conseguiu eleger a maioria dos vereadores nas maiores cidades, incluindo alguns candidatos de esquerda. Houve engajamento de estudantes, entidades civis, sindicatos e associações de bairro na campanha da oposição, numa escala muito maior do que nas eleições para o Senado de 1974 vencidas pelo MDB.
Em Porto Alegre, os candidatos a vereador Marcos Klassmann e Glênio Peres, da Ala Jovem do MDB, usaram a campanha eleitoral para denunciar a ditadura, distribuindo um jornal-panfleto intitulado “Vote contra o Governo”. O MDB fez 14 dos 21 vereadores na capital gaúcha. Klassmann e Peres seriam cassados pelo general presidente Ernesto Geisel, em 1977, logo depois de tomarem posse.