1976 24 de março
Começa a sangrenta ditadura argentina
Em sete anos, 30 mil argentinos são assassinados pela repressão militar
As Forças Armadas argentinas prendem e depõem a presidente Isabel Martinez de Perón. Uma Junta Militar assume o governo e dá início à mais sangrenta ditadura da história do país e da América do Sul. O novo regime seria responsável pela morte e desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas num período de sete anos – um em cada mil argentinos, a maioria jovens, foi assassinado pelos militares.
O golpe de março de 1976 foi o último de uma série de seis intervenções das Forças Armadas na vida política da Argentina no século 20. Tirou do poder Isabelita, como era conhecida a vice e mulher de Juan Domingo Perón, eleito em 1973 e que morreu menos de um ano depois da posse. O próprio Perón, que antes fora presidente do país por dois mandatos, já havia sido alvo de um golpe em 1955 também por parte dos militares. Seus governos tiveram como marcos a nacionalização de estradas de ferro e de serviços públicos, a promoção do desenvolvimento industrial e do emprego e a introdução de benefícios sociais aos trabalhadores. A popularidade conquistada junto às classes trabalhadoras fortaleceu o Partido Justicialista e consolidou o movimento que ficou conhecido historicamente como peronismo.
Após a deposição de Isabelita, quatro juntas militares mantiveram nos sete anos seguintes uma política sistemática de fazer desaparecer não apenas seus adversários, como também seus filhos. As Forças Armadas orientavam os agentes da repressão a encaminhar as crianças de até quatro anos para adoção por familiares de militares.
Mães de desaparecidos que começaram a se reunir em 1977 na Praça de Maio para cobrar do governo notícias de seus filhos organizaram uma rede de informações que lhes permitiu localizar mais de uma centena de crianças sequestradas pela ditadura. Eram as Mães da Praça de Maio, que então se tornariam as Avós da Praça de Maio.
A ditadura acabou em 1983 com a economia do país em frangalhos e uma fragorosa derrota na guerra contra o Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas. Todos os generais integrantes das juntas militares foram julgados e condenados posteriormente pela tortura, assassinato e morte dos milhares de argentinos.