1997 20 de abril
Com fogo, jovens matam índio Galdino
Cinco rapazes de Brasília resolvem "dar um susto" e atacam líder pataxó
Cinco rapazes ateiam fogo a um índio que dormia sob a cobertura de um ponto de ônibus em Brasília. Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, da tribo pataxó hã-hã-hãe, teve 95% do corpo queimado e morreu no dia seguinte. Os agressores, entre eles um menor de idade, disseram que queriam “dar um susto” em quem eles pensavam ser um mendigo.
Galdino vivia em uma aldeia no sul da Bahia. Estava na capital federal com um grupo de oito índios para reivindicar a devolução de terras griladas por fazendeiros. Ele era um dos conselheiros de sua tribo e participou de manifestações do Dia do Índio em Brasília. Ao retornar ao local em que estava hospedado, Galdino se perdeu e só encontrou o caminho correto pela madrugada. Foi, contudo, impedido de entrar pela dona da pensão. Decidiu, então, abrigar-se sob um ponto de ônibus.
Às cinco da manhã, Max Rogério Alves, Antônio Novély Cardoso de Vila Nova, Eron Chaves de Oliveira, Tomaz Oliveira de Almeida e G. A., menor de idade, encontraram Galdino. Jogaram álcool combustível e atearam fogo ao cobertor em que o índio estava enrolado. Fugiram em seguida, mas testemunhas anotaram a placa do automóvel em que estavam.
Apesar da indignação da opinião pública, o parentesco dos jovens – um é filho do juiz federal Novély Vilanova da Silva Reis; outro, enteado do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Walter Medeiros – evitou que fossem punidos de maneira mais severa. Receberam inúmeras regalias dentro da prisão até serem libertados em 2004, cumprindo apenas metade da pena prevista.