1983 25 de novembro
Cinco tiros tombam o grande cacique
Fazendeiros assasinam Marçal de Souza, maior liderança indígena do país
O líder guarani-nhandevá Marçal de Souza é assassinado com cinco tiros à queima roupa, em sua casa na aldeia Campestre, em Bela Vista (MS), por dois fazendeiros que ocupavam terras do local. Nascido em 1920 e batizado Tupã-Í (Pequeno Deus), Marçal de Souza foi um dos mais importantes líderes indígenas de sua época. Lutou pela demarcação de terras na região de Dourados e denunciou a exploração ilegal de madeira, a escravização de seu povo e o tráfico de meninas índias. Foi um dos fundadores da União Nacional dos Indígenas.
Por sua atuação firme, foi perseguido e ameaçado por latifundiários, madeireiros e até mesmo pela direção da Fundação Nacional do Índio (Funai), que expulsou Marçal da região de Dourados nos anos 1970. Reconhecido internacionalmente, o líder foi indicado para saudar o papa João Paulo 2° em visita ao Brasil em 1980. Ele fez de seu discurso uma forte denúncia sobre a situação dos indígenas no Brasil:
"Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são invadidos. Dizem que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto não, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Essa é a verdadeira história".
Os dois fazendeiros acusados do assassinato, levados a julgamento somente dez anos depois do crime, foram absolvidos, apesar de testemunhos e provas reunidos contra eles. Postumamente, Marçal de Souza foi condecorado como Herói Nacional do Brasil.