1978 15 de novembro
Arena vence, mas MDB tem mais votos
Diferença é de 4 milhões de eleitores, mas regras dão maioria ao governo
O MDB obtém ampla maioria dos votos nas eleições para o Congresso Nacional e assembleias legislativas, mas a Arena elege maior número de senadores e deputados federais devido às regras do Pacote de Abril, de 1977. Na disputa por 23 cadeiras no Senado, o MDB somou 17,5 milhões de votos, concentrados nas regiões Sudeste e Sul do país, contra 13,2 milhões de votos para a Arena, vindos sobretudo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. A oposição, entretanto, elegeu 8 senadores e o governo, 15, invertendo o resultado das eleições de 1974. Na Câmara, o MDB fez 189 deputados e a Arena, 231, mantendo a proporção entre as bancadas.
A Arena valeu-se do sistema de sublegendas criado pelo Pacote de Abril, no qual o partido poderia lançar até três candidatos de suas diferentes facções. A soma dos votos das sublegendas definia o vencedor em cada Estado. As maiores votações para o partido oficial vieram das pequenas cidades, os chamados “grotões”, onde era maior o poder dos “coronéis” políticos. O MDB teve mais votos para o Senado em quase todas as capitais – exceto Teresina e Maceió – e na maioria das cidades médias e grandes. A oposição também foi prejudicada pela manutenção da Lei Falcão, que limitava as campanhas no rádio e TV à leitura de currículos e fotos dos políticos. A Lei Falcão foi criada para as eleições municipais de 1976 e prorrogada pelo Pacote de Abril.
O pacote lançou também a figura dos senadores biônicos (um terço do total), parlamentares escolhidos indiretamente pelos deputados estaduais e delegados municipais. Dos 22 biônicos de 1978, apenas um era do MDB – Amaral Peixoto, do Rio, onde o partido tinha maioria na Assembleia. Também no Rio foi eleito indiretamente o único governador filiado ao MDB, Chagas Freitas. Os demais eram todos da Arena. As eleições diretas para govenador em 1978 também haviam sido canceladas pelo Pacote de Abril.
Mesmo tendo sido impedido de conquistar a maioria, o MDB reforçou sua representação no Senado, com a eleição de políticos experientes como Tancredo Neves (MG), Nelson Carneiro (RJ), José Richa (PR) e Pedro Simon (RS). Na Câmara, o MDB elegeu três sindicalistas: Benedito Marcílio, dos Metalúrgicos de Santo André (SP); Aurélio Peres, da oposição metalúrgica de São Paulo; e Audálio Dantas, dos Jornalistas de São Paulo.