1990 4 de setembro
Aparece a primeira vala clandestina
Ossadas de mortos pela ditadura são achadas em cemitério de São Paulo
Uma tumba com 1.049 ossadas é descoberta no cemitério Dom Bosco, no distrito de Perus, zona noroeste de São Paulo, após solicitação de investigação feita pela Prefeitura da capital. Segundo os registros oficiais, em 1970 o prefeito Paulo Maluf havia autorizado a construção de uma vala naquele cemitério com a finalidade exclusiva de abrigar restos mortais de mendigos e indigentes. No entanto, o administrador do local, Antônio Pires Eustáquio, apontou evidências de que nem todos os corpos seriam de indigentes, como a existência de marca-passos ou incrustações em ouro e platina nas arcadas dentárias.
A Comissão de Direitos Humanos da Arquidiocese São Paulo denunciou que a vala clandestina teria sido usada para enterrar os corpos de presos políticos assassinados nos porões da ditadura, frequentemente em decorrência de torturas.
Após o recolhimento das ossadas, a então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, deu apoio à criação da Comissão Especial de Investigação das Ossadas de Perus. O trabalho de identificação, com apoio da Universidade de Campinas (Unicamp), foi interrompido dez anos depois. Os corpos de três militantes de esquerda foram identificados: Denis Casemiro, desaparecido em 1971; Frederico Eduardo Mayr, morto em 1972; e Flávio de Carvalho Molina, enterrado em 1972 sob o nome de Álvaro Lopes Peralta.
Em setembro de 2014, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, a Prefeitura paulistana e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos anunciaram a retomada das análises dos restos mortais com apoio de peritos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).