1936 12 de setembro

Alô, alô, Brasil! No ar, a Rádio Nacional

Nova emissora carioca leva jornalismo, diversão, música e novela a todo o país

“Alô, alô, Brasil! No ar, a Rádio Nacional!” Com essa frase, o locutor Celso Guimarães dá início à transmissão da Rádio Nacional, a primeira emissora no país que pode ser ouvida em todo o território brasileiro, graças a seus 22 quilowatts de potência.

Líder de audiência praticamente desde a fundação, a Rádio Nacional seria pioneira na integração cultural do país. Revolucionaria as comunicações, tornando-se o mais importante instrumento de formação cultural, social e político da época, fundamental para a modernização do país.

A emissora tinha o melhor elenco de músicos e cantores de sua época. Os três cantores brasileiros mais populares — Francisco Alves, Sílvio Caldas e Orlando Silva — firmaram contratos com a Rádio Nacional. Seu departamento de música brasileira, por outro lado, descobriu e consagrou vários novos talentos.

A rádio organizou concursos, como o da Rainha do Rádio, que divulgou diversas cantoras, entre elas Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.

Foi também responsável pela ascensão de um dos maiores ícones musicais da nossa história, o cantor Cauby Peixoto, e a primeira emissora a promover a correspondência entre os ídolos e seus fãs. Além disso, teve importantíssimo papel na popularização de marchas, sambas, emboladas, baiões e modas de viola.

Seus programas de auditório — como “Alegria, Meus Senhores” e “Este Mundo É uma Bola”, apresentados por Fernando Lobo, e o “Programa César de Alencar” — faziam grande sucesso. Era enorme a audiência cativa de seus programas de humor, como “Balança mas Não Cai”, que tinha Paulo Gracindo, Brandão Filho e Walter d’Ávila no elenco, e o “PRK-30”, que simulava invadir a frequência da rádio, parodiando outros programas, propagandas, cantores e músicas.

Em 1941, a Rádio Nacional seria pioneira em transmitir radionovelas. O primeira a estrear seria “Em Busca da Felicidade” — e com tanta audiência que ficaria três anos no ar. A segunda, “O Direito de Nascer”, se tornaria um dos maiores sucessos radiofônicos de todos os tempos, a ponto de mudar a rotina dos ouvintes, que não queriam perder nenhum capítulo. Pelos microfones da Nacional, além dos atores já consagrados no humor e nos radioteatros, passariam atores como Mário Lago, Oduvaldo Viana e Henriqueta Brieba.

A Nacional foi a primeira emissora brasileira a ter redação própria, criando um padrão inédito de qualidade no radiojornalismo brasileiro, que, até então, limitava-se a ler no ar as notícias dos jornais impressos. O “Repórter Esso”, apresentado por Heron Domingues, foi o principal noticiário da rádio brasileira até ser superado pela televisão, na década de 1960. Criou o chamado “sistema duplo” de transmissão das partidas de futebol, dividindo o campo de jogo em dois setores, cada locutor acompanhando o ataque de um dos times — uma novidade na época.

A emissora, que no início pertencia ao jornal “A Noite”, passaria para a União em 1941, por causa de dívidas dos proprietários com o Estado. Mesmo assim, permaneceria administrada como empresa privada, mantida com recursos da publicidade.