2000 12 de junho
Sequestro de ônibus acaba em tragédia
Sequestrador mata refém no Rio e é assassinado depois de preso
Sandro do Nascimento, um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, sequestra um ônibus da linha 174 no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, fazendo dez passageiros reféns. Depois de horas de negociações, Sandro mata a professora Geisa Gonçalves. Rendido, o sequestrador acabaria sendo morto pelos policiais, por asfixia, dentro do camburão para o qual foi levado.
O drama do sequestro do ônibus 174 é um instantâneo da tragédia social brasileira. Sandro era menino de rua desde os seis anos de idade, quando a mãe foi assassinada. Viciou-se em drogas e praticava pequenos furtos no centro do Rio. Dormia na porta da Igreja da Candelária. Sobreviveu à chacina ocorrida havia sete anos e seguiu na mesma vida.
Na tarde de 12 de junho, Sandro entrou armado no ônibus. Passageiros conseguiram alertar a polícia sobre um possível assalto. O veículo foi cercado. Sandro tomou os reféns e, visivelmente drogado, ameaçava matá-los o tempo todo.
Por volta das 19 horas, após uma tarde inteira de tensas negociações com a polícia, Sandro saiu do ônibus usando a professora Geisa Gonçalves, de 20 anos, como escudo. Em um movimento desastroso, um policial tentou alvejar o assaltante, mas errou o tiro e atingiu a refém de raspão no rosto. Em reação, Sandro desferiu três tiros nas costas de Geisa. Dominado, Sandro foi levado para um camburão, onde seria asfixiado até a morte pelos policiais, absolvidos pelo Tribunal do Júri dois anos depois.