1988 11 de fevereiro
Regra da ditadura pune os aeroviários
Trabalhadores do setor cobram direitos garantidos pela Justiça
Cerca de 8.500 aeronautas entram em greve depois que as empresas aéreas decidem não cumprir o pagamento de cláusulas sociais determinadas pela Justiça do Trabalho em dezembro de 1987. O funcionamento dos aeroportos de todo o país é bastante afetado, justamente no final de semana do Carnaval.
As companhias haviam entrado com recurso para não pagar horas em que os trabalhadores permaneciam de reserva nos aeroportos ou de sobreaviso em casa e os adicionais para trabalho noturno, conforme decidido pela Justiça. Diante disso, os aeronautas entraram em greve, pedindo também um reajuste de 65,15% nos salários.
As empresas reagiram à paralisação. José Caetano Lavorato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, e outros 90 trabalhadores são demitidos. A dispensa do dirigente sindical foi baseada em decreto instituído durante a ditadura (decreto 1.632/1978), que proibia greves em setores considerados essenciais.
As empresas contestaram judicialmente as ações pela reintegração das lideranças demitidas ilegalmente. Os sindicalistas alegam que o decreto usado para decretar a ilegalidade do movimento estava superado pela nova Constituição.