1985 23 de outubro
Morre Nativo da Natividade em Goiás
O país se democratiza, mas a violência segue reinando impune no campo
Nativo da Natividade de Oliveira, presidente do Sindicato Rural de Carmo do Rio Verde, em Goiás, é morto com quatro tiros à queima-roupa pelo pistoleiro Júlio Santana, na entrada do sindicato. A viúva de Nativo denuncia que ele havia sido executado devido à sua militância no PT e na Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O assassinato fora encomendado pelo então prefeito da cidade, Roberto Pascoal Liégio, com o apoio do presidente do Sindicato Rural (patronal), Geraldo dos Reis de Oliveira, integrante da União Democrática Ruralista (UDR), e do fazendeiro Genésio Pereira. Com a anulação do primeiro julgamento, o crime prescreveria e nenhum deles foi condenado.
O pistoleiro Júlio Santana, assassino confesso de Nativo, matou 492 pessoas em todo o país, quase todas envolvidas em conflitos pela posse da terra. Ele anotava num caderno o nome de cada vítima e do mandante, conforme relato feito ao repórter Klester Cavalcanti e publicado no livro "O Nome da Morte", lançado em 2006.
Muitos outros líderes na luta pela terra seriam assassinados nos anos seguintes, como Chico Mendes e Paulo Fonteles, advogado do sindicato de trabalhadores rurais de Conceição do Araguaia (MT). A violência chegaria ao auge na chacina de Eldorado de Carajás, na qual 19 camponeses foram mortos pela Polícia Militar do Pará em 1986.