1956 14 de fevereiro
Kruschev denuncia crimes de Stálin
Discurso no Krêmlin cita deportações, trabalhos forçados, tortura e extermínio
Em discurso de cinco horas, feito a portas fechadas para os delegados do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), o secretário-geral Nikita Kruschev responsabiliza o poderoso líder Josef Stálin, que governou o país de 1922 até morrer, em 1953, de ter praticado uma política sistemática de tortura e execução de seus opositores no partido. Os que conseguiam escapar dos fuzilamentos, conforme a denúncia, eram condenados a trabalhos forçados degradantes. Segundo Kruschev, aqueles “comunistas honestos e inocentes” foram julgados sumariamente com base em confissões obtidas sob tortura, prática generalizada e até estimulada por Stálin.
Kruschev, que fez parte da equipe de Stálin durante décadas, também relata a “cruel deportação de povos inteiros” do território soviético e condena a “presunçosa imprudência” de Stálin durante a Segunda Guerra, que teria redundado na invasão da Rússia por tropas da Alemanha nazista. Criticou, ainda, o “culto à personalidade”, marca do período stalinista.
O chamado “discurso secreto” de Kruschev, que pouco tempo depois seria divulgado pela imprensa ocidental, daria início à chamada “desestalinização” da União Soviética — que resultaria na libertação de 81 mil presos de campos de trabalhos forçados e de outros milhares de presos políticos e no resgate da memória dos líderes e militantes executados.
O 20º Congresso do PCUS causaria reações diversas nos partidos comunistas do mundo. A China de Mao Tse-tung romperia com o PCUS. A relativa liberalização do regime soviético estimularia movimentos nacionalistas na Hungria, Polônia e Tchecoslováquia.
A partir daí, o movimento comunista se envolveria num intenso debate internacional.