1953 15 de junho
Trabalho tem novo ministro: é Jango
Crise derruba Viana; deputado gaúcho tem a missão de negociar com grevistas
O presidente Getúlio Vargas demite o ministro do Trabalho, o carioca Segadas Viana, e nomeia para o cargo outro petebista, o jovem deputado gaúcho João Belchior Marques Goulart, mais conhecido como Jango. A mudança reverte o desgaste acumulado pelo governo com a Greve dos 300 Mil, iniciada em março e violentamente reprimida pela Guarda Civil, pela Força Pública e pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Os grevistas — trabalhadores da indústria têxtil, fábricas de vidro, distribuição de gás, construção civil, fábricas de sapatos, doces, conservas, tintas e cerveja e telefonia — pediam reajuste salarial de 50% a 60% para repor as perdas impostas pela alta inflação, decorrente da política econômica do governo anterior.
Em meio à crise provocada pela greve, João Goulart, presidente do PTB, foi chamado por Vargas para mediar o conflito dos trabalhadores com o governo. Em uma sala no Catete, empenhou-se na difícil tarefa de levar os sindicalistas a um acordo, enquanto o Ministério do Trabalho jogava a polícia contra os grevistas. Nessa tarefa, Jango entrou em rota de colisão com Segadas Viana, ministro do Trabalho, que saiu perdendo — foi demitido.
À frente do Ministério do Trabalho, Jango inauguraria um novo estilo de relação entre Estado e sindicatos, em que a polícia daria lugar à negociação. Dessa forma, ele acabaria aproximando ainda mais do PTB os líderes dos trabalhadores.