1955 14 de julho
Iseb elaborará o desenvolvimento
Órgão reúne intelectuais nacionalistas que fundamentarão as políticas públicas
É criado no Rio de Janeiro, por decreto, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), integrado por um grupo de intelectuais nacionalistas de várias especialidades. Na sua origem está o “grupo de Itatiaia” — intelectuais que, liderados pelo cientista social Hélio Jaguaribe, fundaram em 1953 o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp), responsável pela revista “Cadernos do Nosso Tempo”.
Criado no governo Café Filho, o órgão iniciaria suas atividades somente no governo Juscelino Kubitschek, período em que o Brasil deu uma arrancada em seu processo de industrialização.
Vinculado ao Ministério da Educação e Cultura, funcionaria como um espaço ativo de socialização entre políticos, intelectuais, artistas e estudantes. Em pouco tempo o Iseb se tornaria um dos grandes centros de elaboração teórica do nacional-desenvolvimentismo, reunindo importantes formuladores como Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos, Cândido Mendes de Almeida, Álvaro Vieira Pinto e Nelson Werneck Sodré.
O “grupo de Itatiaia” forneceria fundamentação teórica para projetos de desenvolvimento do alto escalão da administração de Kubitschek, contribuindo, em especial, com uma visão ampla do Brasil e de seu processo de industrialização. Essa visão fundamentaria a defesa de uma opção nacionalista não ortodoxa, que não implicasse rejeição ao estrangeiro e que se circunscrevesse à definição de qual é o interesse nacional.
Na visão dos teóricos vinculados ao Iseb, o Brasil só superaria o subdesenvolvimento por meio da industrialização acelerada, que teria o benéfico efeito colateral de substituir as elites tradicionais por uma burguesia nacional. Na tarefa de industrializar o país e levar os benefícios da modernização para todas as regiões, o empresariado brasileiro deveria contar com o apoio do proletariado, da burocracia estatal e dos intelectuais.
O Iseb foi institucionalizado sob uma grande divisão, que se aprofundaria no decorrer do governo Kubitschek: uma ala aceitava a estratégia de industrialização acelerada do governo, que incluía investimentos nacionais e estrangeiros; a outra defendia a radicalização do nacionalismo.
No governo seguinte, já sob o controle dos nacionalistas, o instituto participaria intensamente da mobilização pela regionalização do desenvolvimento, a lei da remessa de lucros e a reforma agrária.
Treze dias após o golpe militar de 1964, a sede do Iseb seria depredada, e o órgão, extinto.