1985 11 de abril
Greve pede redução de carga horária
Nova bandeira abre caminho para conquistas na Constituinte
Trabalhadores da General Motors de São José dos Campos (SP) iniciam uma paralisação pela redução da jornada de trabalho e reajuste salarial. Duas semanas depois, 93 operários seriam demitidos por justa. A resposta dos grevistas foi a ocupação total da fábrica durante uma semana inteira, sob o cerco da polícia e ameaças de invasão.
A greve da GM ocorreu num ano em que aconteceram mais de mil greves, representando um aumento de 50% em relação a 1984. Diversas categorias de trabalhadores dos setores público e privado tinham como ponto comum em suas reivindicações a redução da carga horária de trabalho para 40 horas semanais, num tempo em que a jornada podia chegar a 48 horas.
Embora a luta não tenha sido vitoriosa na GM e nas outras empresas do setor automotivo, os trabalhadores acumularam forças e obtiveram outros ganhos pontuais, que variaram de categoria para categoria. Essas vitórias setoriais e parciais abriram caminho para as conquistas trabalhistas que viriam dois anos depois, na Assembleia Constituinte, entre elas a fixação da jornada de trabalho em 44 horas semanais.
No setor privado, a reivindicação da redução de carga horária fez parte da luta contra o desemprego, que chegara a 14% no ano anterior. As greves pela jornada de 40 horas sem redução de salários começaram no setor automobilístico e de autopeças no ABC e em outras cidades do interior paulista – a exemplo da GM.
No segundo semestre, a greve dos bancários mobilizou 700 mil trabalhadores e conseguiu reajustes pela inflação integral, reposição salarial e ganhos de produtividade. Em novembro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) deflagrou greves em empresas dos setores químico, plástico e metalúrgico de São Paulo, conquistando antecipação trimestral e redução da jornada de trabalho para 45 horas, além de 12% de aumento real.
No setor público, destacou-se a longa greve dos professores e servidores de escolas e universidades públicas, que terminou com a conquista de reajuste pelo INPC pleno e mais 4% de reposição salarial. Houve ainda a greve no setor de saúde e a dos Correios, que terminou com muitas demissões.
A greve da GM durou 28 dias. Cerca de 400 trabalhadores foram demitidos, 33 foram processados criminalmente e outros tiveram seus nomes incluídos numa lista negra enviada ao Serviço Nacional de Informação (SNI) e a outros empregadores. Em 2008, os processados receberam anistia.