1956 23 de Novembro
Lott manda prender o general Távora
Ex-candidato ao Catete violou proibição de opiniões políticas; ordem partiu de JK
O ministro de Guerra, general Henrique Teixeira Lott, decreta a prisão domiciliar do general Juarez Távora, ex-candidato a presidente da República, por 48 horas. Távora é punido por transgredir a proibição de pronunciamentos políticos por parte de oficiais das Forças Armadas.
Em entrevista à imprensa, veiculada com grande destaque pela TV Tupi, Juarez havia feito duras críticas ao governo e questionado a autoridade do presidente e a legalidade do Movimento 11 de Novembro — nome dado à frente popular de civis e militares que se constituiu em homenagem ao contragolpe desferido por Lott um ano antes, para garantir a posse de JK.
A Frente de Novembro — movimento fundado pelo coronel Nemo Canabarro Lucas para prover o Movimento do 11 de Novembro de conteúdo político — organizara uma homenagem a Lott no aniversário do contragolpe. Manifestantes se aglomeraram na frente do Ministério da Guerra para saudar o general e entregar-lhe uma espada de ouro.
A partir daí, o clima de indisciplina militar, que ameaçava JK desde a sua vitória nas urnas e contaminava o cenário político, tornou-se ainda mais preocupante.
Para evitar que a situação saísse do controle, Juscelino proibiu a manifestação política também de oficiais da reserva. Atingido pela censura, Távora decidiu então desafiá-lo — e jogar mais combustível na crise. Só não contava com a pronta reação do presidente, que imediatamente ordenou ao ministro da Guerra que o prendesse.
Juscelino, para evitar que o clima de sublevação se generalizasse, tomaria em seguida uma decisão salomônica: fechar a Frente de Novembro, que o apoiava, e o Clube da Lanterna, liderado pelo udenista Carlos Lacerda, que, desde a fundação, em 1953, era incubadora de conspirações e crises.