Memorial da Democracia - Fecham-se as urnas e Cruzado é alterado

Seis dias depois do pleito que deu vitória esmagadora ao PMDB, o governo do presidente José Sarney lança o Plano Cruzado 2, que acaba com o congelamento de preços de alguns produtos e de tarifas públicas e fixa novas regras para a correção salarial. O propósito era frear o consumo, aumentar a arrecadação (com o aumento de impostos embutidos nos reajustes) e conter gastos públicos. O governo anunciou aumentos significativos nos preços dos automóveis (80%), cigarros (45% a 120%), bebidas (100%), açúcar (25%), tarifas de energia elétrica (35%), telefone (35%) e correios (80%).

O gatilho salarial, acionado quando a inflação acumulada atingisse 20%, foi mantido, mas parcelas acima do percentual seriam deixadas para o disparo seguinte e as antecipações seriam descontadas. O cruzado passou a ser desvalorizado diariamente e foi anunciado um grande corte nos gastos públicos.

As medidas revoltaram a população. Seis dias depois de anunciadas, o país foi sacudido por passeatas, protestos, depredações e incêndios de ônibus. Na capital da República, as manifestações foram intensas e violentas.

<strong> O ministro Dilson Funaro </strong> (Fazenda) anuncia as medidas de ajuste do Plano Cruzado, que ficariam conhecidas como Plano Cruzado 2, ao lado de João Sayad, do Planejamento <br /> — **O ministro Dilson Funaro** (Fazenda) anuncia as medidas de ajuste do Plano Cruzado, que ficariam conhecidas como Plano Cruzado 2, ao lado de João Sayad, do Planejamento
Tadashi Nakagomi/Folhapress

<strong> Carros fazem fila em posto de combustíveis </strong> para abastecer o tanque antes do aumento da gasolina de 60%, que entrou em vigor às vésperas do anúncio do Cruzado 2 <br /> — **Carros fazem fila em posto de combustíveis** para abastecer o tanque antes do aumento da gasolina de 60%, que entrou em vigor às vésperas do anúncio do Cruzado 2
Dilmar Cavalher/CPDoc JB

<strong> Viaturas da polícia incendiadas </strong> em protesto em Brasília contra o Plano Cruzado 2; os manifestantes faziam passeata e reagiram à forte repressão policial — **Viaturas da polícia incendiadas** em protesto em Brasília contra o Plano Cruzado 2; os manifestantes faziam passeata e reagiram à forte repressão policial Ana Carolina Fernandes/CPDoc JB

<strong> Populares aguardam a saída </strong> de Funaro do prédio da Confederação Nacional do Comércio em Brasília para protestar contra o Cruzado 2 <br /> — **Populares aguardam a saída** de Funaro do prédio da Confederação Nacional do Comércio em Brasília para protestar contra o Cruzado 2
Ana Carolina Fernandes/CPDoc JB

<strong> Ônibus militar depredado </strong> no protesto em Brasília; Exército atuou com forte aparato no isolamento ao Palácio do Planalto — **Ônibus militar depredado** no protesto em Brasília; Exército atuou com forte aparato no isolamento ao Palácio do Planalto Ana Carolina Fernandes/CPDoc JB

<strong> Joaquim dos Santos Andrade,</strong> o Joaquinzão, presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade sindical de orientação moderada que também criticou o Plano Cruzado 2: “Oficializaram a fajutagem” — **Joaquim dos Santos Andrade,** o Joaquinzão, presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade sindical de orientação moderada que também criticou o Plano Cruzado 2: “Oficializaram a fajutagem” Isaías Feitosa/CPDoc JB

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1986 21 de novembro

Fecham-se as urnas e Cruzado é alterado

Plano Cruzado 2 reajusta preços e tarifas e provoca revolta popular