1945 21 de fevereiro
FEB conquista o monte Castelo
Na 5ª tentativa, cai a fortaleza alemã; Linha Gótica de defesa começa a ruir
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) ocupa o monte Castelo, vencendo as tropas alemãs, depois de quatro tentativas fracassadas.
Foram doze horas de combate, muitas baixas, mas o monte foi enfim conquistado. O jornalista Joel Silveira, correspondente de guerra dos “Diários Associados”, conta que “às 17h50, a voz do coronel [Emílio Rodrigues, comandante do 3º Regimento de Infantaria da FEB] Franklin chegava forte pelo rádio: ‘Estou no cume do Castelo’. E pedia mais fogos de artilharia sobre pontos em poder do inimigo, além do monte. ‘Castelo é nosso’, disse-me o general Cordeiro”.
Quase um ano após a conquista da Sicília pelas tropas aliadas, Roma ficara livre dos nazifascistas em junho de 1944. Os alemães então estabeleceram uma nova linha de defesa mais ao norte, com quase 320 quilômetros: a Linha Gótica, na cordilheira dos Apeninos.
A defesa nazista era composta por trincheiras, posições de artilharia, postos de fogo de infantaria, depósitos de munição, linhas de comunicação, campos minados e fossas antitanques. Além disso, como a linha defensiva ficava nos altos das montanhas, os alemães tinham uma visão privilegiada dos arredores, podendo ver os soldados aliados se aproximando e, assim, abrir fogo.
Romper a Linha Gótica era fundamental para que as tropas aliadas chegassem ao coração do nazismo. No caminho, estava o monte Castelo.
Situado na região da Perúgia, nos montes Apeninos, o monte Castelo era passagem obrigatória para que as forças aliadas tomassem Bolonha, capital da Emilia-Romagna, grande entrecruzamento rodoferroviário e uma das cidades mais importantes do país.
Desde 24 de novembro os soldados brasileiros tinham a missão de vencer os alemães e controlar monte Castelo. Fracassaram nas primeiras tentativas, em novembro. A missão parecia impossível.
Em dezembro e janeiro (inverno europeu), os pracinhas, sem roupas adequadas nem treinamento para lutar no alto das montanhas cobertas de neve, sofreram com o frio e as nevascas — naquele inverno, a temperatura nas montanhas chegou a –18°C.
Em fevereiro de 1945, com o abrandamento do frio, tentaram mais uma vez. O jornalista Joel Silveira acompanhou a batalha: “Vejo, com a ajuda da luneta, os nossos pracinhas agachados lá na frente, grupos aqui e ali rastejando em direção ao cume, de onde as terríveis metralhadoras alemãs (as “lurdinhas”) atiram, imitando curtas e sinistras gargalhadas”. Após doze horas de batalha, a defesa alemã no monte Castelo finalmente caiu, no dia 21.
A partir da conquista do monte Castelo, as Forças Expedicionárias Brasileiras avançariam rapidamente. Em 5 de março conquistaram Soprassosso e Castelnuovo. Tomaram Montese na manhã do dia 15 de abril, na mais sangrenta batalha enfrentada por nossos soldados. Seis dias depois, chegaram a Zocca, enquanto os Aliados entravam em Bolonha.
Em 28 de abril, Benito Mussolini seria capturado e fuzilado por forças guerrilheiras, quando tentava fugir para a Suíça. No dia seguinte, na cidade de Fornovo di Taro, os pracinhas capturariam mais de quinze mil soldados da 148ª Divisão Alemã. No dia 30, ocupariam Alesandria e, com soldados dos Estados Unidos, participariam da libertação de Turim.
Em 2 de maio, o general norte-americano Mark Clark declararia encerrada a campanha dos Aliados na Itália — e, portanto, dos brasileiros. A campanha vitoriosa da FEB contabilizou, em pouco mais de sete meses, 21 vitórias em batalhas, tendo aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, oitenta canhões, 1.500 veículos e quatro mil cavalos.
Em 7 de maio, os alemães se renderiam na Itália. Com Hitler já morto havia uma semana (suicidara-se em 30 de abril), a 2ª Guerra Mundial estava com os dias contados.