1946 30 de abril
Dutra cede à UDN e fecha cassinos
Presidente crê em intriga e extingue 40 mil empregos com uma canetada
UDN e jornais ligados ao partido pressionam, e Dutra assina decreto proibindo jogos de azar em todo o território nacional. Dessa forma, são fechados mais de 70 cassinos, que empregavam cerca de 40 mil trabalhadores, direta e indiretamente.
Rumores da época diziam que Dona Santinha — Carmela Leite Dutra, mulher do presidente — teria inspirado essas e outras ações de cunho moralista de seu marido. Mas a assinatura dele no decreto que proibiu os cassinos teve outra motivação. Dutra cedeu à pressão da UDN e da imprensa ligada ao partido, que espalharam rumores – nunca comprovados – de que os cassinos abasteceriam a família do ex-presidente Getúlio Vargas, que legalizara os jogos em 1934. E mais: o empresário Joaquim Rolla, dono dos cassinos da Urca, Atlântico, Icaraí e Quitandinha, seria testa de ferro de Benjamim Vargas, irmão de Getúlio.
A decisão de Dutra, apoiada entusiasticamente pela Igreja Católica — o cardeal do Rio, d. Jaime Câmara, mandou badalar os sinos da capital federal por oito minutos em comemoração do ato —, destruiria instantaneamente uma importante indústria do turismo que se formara ao longo de 12 anos.
Os cassinos legais se localizavam no Rio, em Niterói, Petrópolis e nas estâncias hidrominerais de Minas Gerais e São Paulo. Alguns eram suntuosos, como o Atlântico e o do Copacabana. O cassino da Urca apresentava as melhores atrações musicais da cidade.
A decisão também seria um baque para os músicos brasileiros, que perderam um espaço para trabalhar e mostrar sua arte. Muitos bateram às portas do palácio do Catete para convencer Dutra a mudar de ideia. Mas o presidente se fez de surdo.